NOTÍCIA DO JORNAL CHILENO EL SIGLO SOBRE O VELÓRIO, NA TERÇA FEIRA, 07 DE FEVEREIRO DE 1967.
Durante todo o dia de ontem foram velados os restos de Violeta Parra. No parque La Quintrala de La Reina reuniram-se centenas de pessoas para oferecer sua dor silenciosa pela morte da folclorista. A carpa (tenda), antes cheia de canções do povo, agora estava enlutada e silenciosa. No interior, as cadeiras estavam dispostas para receber os pesarosos visitantes. As lágrimas, a solidariedade e a dor enchiam o local. Silenciosamente as pessoas chegam até o antigo palco onde está o caixão de Violeta Parra. Sobem para olhar seu rosto sereno, sem uma sombra que o obscureça... Os visitantes emocionados a olham por alguns instantes e depois, apertando os olhos e desfazendo o nó na garganta, descem e se sentam para se recuperar da comoção. Entre as pessoas, passam chorosos seus filhos: Angel Parra, com óculos escuros e com o rosto marcado pelas lágrimas derramadas, senta-se e levanta-se, caminhando inquieto de um lugar para outro. De repente um grito ensurdecedor rompe a noite: “Onde está minha irmãzinha? Deixem-me vê-la.” É seu irmão Lautaro Parra. Em seguida chega Juan Baez, do sindicato circense. A emoção também o atinge. Mais tarde outra cena dolorosa: “Por que não posso ver a minha mãezinha?” soluça Carmen Luísa, a filha menor de 16 anos. Os amigos a retiram do local. Num canto vê-se Nicanor (irmão) muito encurvado pela dor. Isabel(filha), Roberto(irmão), Lautaro e sua meia irmã Marta Sandoval , todos unidos na tristeza, sentem-se carentes do calor que soube brindar-lhes essa mulher maravilhosa que se chamou Violeta. Grande é o pesar. Grande é a angústia. O povo, sua família e os inumeráveis amigos que deixou em todas as partes não a esquecerão jamais.
- VIOLETA PARRA (04/10/1917 - 05/02/1967) -
Zé, seu blog está muito bom, seus posts e comentários são de grande valia. É muito ler Palco Paulistano.
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