sábado, 29 de setembro de 2012

PERGUNTAS A UMA JOVEM QUE VAI PELA PRIMEIRA VEZ AO TEATRO.

     A - Você pode descrever ao que acabou de assistir?
     B - Estava tudo escuro, aí acendeu uma luzinha fluorescente ao fundo e no alto do palco. Um sujeito, misto de frade capuchinho e chapeuzinho (só que não era vermelho, era preto), com uma voz muito estranha ficou reclamando da vida na penumbra e conversou com duas meninas com voz fininha. Ficou mais escuro. Voltou a acender a tal luzinha fluorescente ao fundo. O fradinho mudou de lugar e veio um sujeito dar conselhos para ele, conselhos que o fradinho rejeitou esbravejando. De raspão escutei que esse sujeito era o oceano. Ficou mais escuro de novo. Acendeu aquela luzinha ao fundo. Uma mulher com voz “tremerola” veio falar com o fradinho que, mais uma vez, mudou de lugar, mas continuava muito bravo. Voltou a ficar mais escuro para de novo acender aquela luz ao fundo e o fradinho estar noutro lugar. Um sujeito com voz bonita apareceu e deu uns conselhos para o fradinho, as meninas com voz fininha disseram para ele aceitar os conselhos, mas ele foi intransigente e deu uns berros com elas e com o sujeito de voz bonita que então o ameaçou dizendo que um abutre ia lhe comer o fígado. Mais uma vez ficou mais escuro. Aí o fradinho veio pra frente do palco e acendeu um isqueiro, falou mais umas coisas ininteligíveis e apagou o isqueiro. Breu. Acabou.
Foto de divulgação.

     A - Por que a peça tem esse nome?
     B - Sei lá, não faço a menor ideia.
     A - Já ouviu falar do autor?
     B – Eu li alguma coisa sobre ele.
     A - E aí gostou da experiência?
     B - Nossa! Isso é que é teatro?  Durou pouco, mas me pareceu uma eternidade. Teatro?!  Nunca mais!
ATENÇÃO: ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO, QUALQUER SEMELHANÇA COM FATOS VERÍDICOS É MERA COINCIDÊNCIA.

Um comentário:

  1. Eu já tive o desprazer de assistir algumas peças com este tipo de concepção e senti ter perdido meu tempo. Se fosse uma espectadora iniciante como a jovem do texto também não voltaria ao teatro, porque gosto de ver os atores em cena e gosto de compreender o que é dito pelos atores. Abutre comendo fígado me remete a Prometeu, mas pelo jeito não ficou claro.

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