segunda-feira, 17 de agosto de 2015

BONS MOMENTOS DO TEATRO EM SÃO PAULO (Julho/Agosto 2015)


CINCO BONS MOTIVOS PARA SE SAIR DE CASA

         Diálogo comum entre alguns amigos e eu:
         - Assistiu a tal peça?
         - Assisti
         - Gostou?
         - Sim.
         - E por que não escreveu sobre ela?

         Tenho assistido a cerca de cinco espetáculos por semana e torna-se quase impossível escrever sobre todos eles, sendo assim alguns bons trabalhos que valeram a saída de casa ficaram sem ser comentados no blog. Sinalizo aqui cinco a que assisti neste segundo semestre:
 

         OS QUE FICAM – O novo trabalho da Cia. do Latão discute a censura e a situação atual por meio de um grupo de atores que nos anos 1970 ensaiam Revolução na América do Sul, peça de Augusto Boal (1931-2009); nesse período o dramaturgo estava no exílio. A peça tem a marca da militância de esquerda do grupo e é bastante interessante.

         ORGIA ou DE COMO OS CORPOS PODEM SUBSTITUIR AS IDEIAS – Baseado na vida e obra do escritor argentino Tulio Carella (1912-1979) o espetáculo tinha início em um apartamento na Rua Peixoto Gomide e simulava a vinda do escritor para o Brasil quando o público se dirigia para o Parque Trianon. Momentos antológicos como aquele onde se houve com o fone de ouvido os diálogos altamente eróticos entre os homens enquanto se vê as crianças brincando num parquinho fazem deste um grande momento do teatro Kunyn aqui com a direção de Luiz Fernando Marques.

         O CAPOTE (*) – O conto de Gógol, adaptado por Drauzio Varella e dramatizado por Cássio Pires encontrou uma boa tradução cênica por Yara De Novaes e uma excelente interpretação de Rodolfo Vaz como o frágil e inseguro Akaki Akakievitch.

         O FILHO – Mais uma feliz incursão dramatúrgica de Alexandre Dal Farra que naquele momento assinava quatro espetáculos em cartaz na cidade (inclusive a última cena de ORGIA, citada acima). A encenação 360º de Eliana Monteiro num espaço entulhado de objetos é bastante interessante, mas oferece na maioria dos assentos uma dificuldade de locomoção do olhar. Sergio Pardal narra a história sob o ponto de vista do filho e também o representa, praticamente não saindo de cena.
 
 
         MOSTRA DE TEATRO HELIÓPOLIS – A PERIFERIA EM CENA – Infelizmente só pude acompanhar uma jornada desta importante iniciativa de Daniel Gaggini com curadoria de Alexandre Mate. No CEU Heliópolis assisti ao emocionante UM BRAVO CANTO PARA DESATAR OS PERVERSOS NÓS (*), onde Luiz de Assis Monteiro dá uma verdadeira aula de cultura popular não deixando de fazer reflexão/denúncia sobre preconceitos e o descaso dos governantes e da sociedade pela educação e pelos menos favorecidos. A seguir na bela sede da Cia. de Teatro Heliópolis que foi residência de Maria José de Carvalho (1919-1995) foi a vez de assistir a JUQUERY: MEMÓRIAS DE QUASE VIDAS com o grupo Teatro Girandolá de Francisco Morato. Segundo Gaggini a segunda edição já está em preparativos. Aplausos para a iniciativa.
 
(*) Esses espetáculos ainda estão em cartaz na cidade. Consulte os guias.
 
17/08/2015

 

 

 

 

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