sexta-feira, 14 de agosto de 2015



        Um ano se passou.  Minha neta, a pequena Laura, já anda e articula suas primeiras frases e é grande a minha curiosidade de como será a sua reação aos espetáculos do Teatro Para Bebês que tanto a encantaram quando tinha oito meses. Na ocasião também assisti ao espetáculo Sala de Estar e ao escrever sobre esses dois momentos do grupo intitulei a matéria Tempos de delicadeza no Espaço Sobrevento.
        Pois é, um ano se passou. O Teatro para Bebês está de volta e o grupo apresenta seu novo espetáculo adulto: .
 
 
        é uma reflexão poética sobre a solidão construída dramaturgicamente a partir de improvisações dos atores junto aos objetos que compõem a cena (o programa da peça indica os objetos que cada ator usou para construir a sua cena). O grupo, bastante conhecido pelas suas pesquisas com Teatro de Animação e de Bonecos, volta-se agora para o Teatro de Objetos, radicalizando esta proposta neste belo espetáculo onde os atores desenvolvem as ações sem se expressar verbalmente, mas apenas se relacionando com os objetos que inundam o espaço cênico (malas, sapatos, trem, navio, cadeiras, árvores e muito mais).
        Estar só ou ser só? Em vários momentos a questão é posta para o espectador, de forma subjetiva, mas muito eficiente. Uma cena síntese da peça surge logo no início quando uma mulher que carrega - literalmente - as dores do mundo nas costas (uma igreja cheia de penduricalhos) revela que o motivo de sua tristeza é a perda de um ente querido em um naufrágio. A encenação desse naufrágio com o uso de uma camisa azul e de um naviozinho de brinquedo é para mim a maior demonstração da potência cênica do Teatro de Objetos.
        A trilha sonora de Arrigo Barnabé e a iluminação de Renato Machado comentam todo o espetáculo e têm papel importantíssimo na ação. Poucas vezes se viu em teatro tamanha harmonia e sincronia entre essas três ferramentas do fazer teatral.
 
 
        Assim como os atores, os objetos entram e saem de cena, mas após a cena final onde parece haver um encontro dos solitários debaixo de uma árvore, a iluminação pontua todos os objetos usados durante o espetáculo. O público abandona o espaço circulando pelos objetos e encantado com tanta beleza.
        é mais um belo e sensível trabalho do Grupo Sobrevento tratando da condição humana. Numa época em que o celular parece ser o único objeto importante para o cidadão é importante lembrar que há muitos outros objetos e, principalmente, seres humanos à nossa volta. Parabéns ao Luiz André Cherubini, à Sandra Vargas (diretores) e a todo o elenco do espetáculo.

        está em cartaz no Espaço Sobrevento aos sábados às 18h e 20h e aos domingos às 18h até 20/09.

        TEATRO PARA BEBÊS será apresentado no mesmo espaço nos domingos de agosto às 11h e 14h.

        O Espaço Sobrevento fica na Rua Cel. Albino Bairão, 42 a algumas quadras do metrô Bresser-Moóca. Os ingressos são gratuitos e estão disponíveis meia hora antes nas bilheterias. TeL: 3399-3589.


13/08/2015

       

 

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