Qual
a melhor tradução de spoiler para o
português? Desmancha prazer? Estragão? (Não! Isso é uma planta!). Estragador (Sim!
Essa palavra existe em português!)
Há
dois espetáculos em cartaz na cidade que um bom spoiler se sentiria satisfeito contando o desfecho aos seus
inimigos! Um deles, já comentado neste blog, é O Escândalo Philippe Dussaert e o outro é este admirável A Ira de Narciso.
Contar
algo além da sinopse da peça – que pode ser lida nos guias de teatro – já seria
um estrago para as delícias e as surpresas que a trama oferece para o
espectador.
Sergio
Blanco, dramaturgo uruguaio, residente na França, do qual já vimos o provocador
Tebas Land, também dirigido por ele
(Festival de Curitiba, 2016) e Kiev,
direção de Roberto Alvim (2017) é o autor. Blanco gosta de brincar com a meta
linguagem e de se colocar como personagem de suas peças e na autoficção está o
mote de A Ira de Narciso; a personagem é o próprio autor que vai à Eslovênia para
fazer uma palestra sobre o mito de Narciso. PRESTE ATENÇÃO: “Je
est un autre” (“Eu é um outro”), frase de Arthur Rimbaud (1854-1891) é uma das chaves da
trama. As surpresas só terminam na saída da sala de espetáculos!
A inteligente tradução, adaptada para o ator
Gilberto Gawronski, é de Celso Curi e a notável direção, amparada pelo
eficiente cenário de André Cortez iluminado por Wagner Antônio, é de Yara de
Novaes, que concentra sua atenção na direção do ator.
Gilberto
Gawronski transita entre o narrador, o apresentador da palestra e o intérprete
de maneira sutil e brilhante. Seu trabalho pode ser considerado, junto com
aquele de Marcos Caruso no já citado O Escândalo
Philippe Dussaert, como um dos
grandes momentos da cena paulistana neste primeiro semestre de 2018.
A
IRA DE NARCISO está em cartaz no Sesc Pinheiros de quinta a sábado às 20h30 só
até o próximo fim de semana (12 de maio, sábado). CORRA. ABSOLUTAMENTE
IMPERDÍVEL!
05/05/2018
Cetra, concordo que o espetáculo é muito bom, que o Gilberto está muito bem no papel, mas não é uma surpresa, né? Rs. Tá na cara que, no instante em que sabemos das manchas e da existência do jovem esloveno, aquele seria o final. O interessante é como o Sergio Blanco trama os acontecimentos para nos prender e nos levar até o final. E, claro, como o nome da peça acaba fazendo todo o sentido no final. Abraços.
ResponderExcluir