sábado, 5 de maio de 2018

A IRA DE NARCISO




       Qual a melhor tradução de spoiler para o português? Desmancha prazer? Estragão? (Não! Isso é uma planta!). Estragador (Sim! Essa palavra existe em português!)

       Há dois espetáculos em cartaz na cidade que um bom spoiler se sentiria satisfeito contando o desfecho aos seus inimigos! Um deles, já comentado neste blog, é O Escândalo Philippe Dussaert e o outro é este admirável A Ira de Narciso.

       Contar algo além da sinopse da peça – que pode ser lida nos guias de teatro – já seria um estrago para as delícias e as surpresas que a trama oferece para o espectador.

       Sergio Blanco, dramaturgo uruguaio, residente na França, do qual já vimos o provocador Tebas Land, também dirigido por ele (Festival de Curitiba, 2016) e Kiev, direção de Roberto Alvim (2017) é o autor. Blanco gosta de brincar com a meta linguagem e de se colocar como personagem de suas peças e na autoficção está o mote de A Ira de Narciso; a personagem é o próprio autor que vai à Eslovênia para fazer uma palestra sobre o mito de Narciso. PRESTE ATENÇÃO: “Je est un autre” (“Eu é um outro), frase de Arthur Rimbaud (1854-1891) é uma das chaves da trama. As surpresas só terminam na saída da sala de espetáculos!

        A inteligente tradução, adaptada para o ator Gilberto Gawronski, é de Celso Curi e a notável direção, amparada pelo eficiente cenário de André Cortez iluminado por Wagner Antônio, é de Yara de Novaes, que concentra sua atenção na direção do ator.


         Gilberto Gawronski transita entre o narrador, o apresentador da palestra e o intérprete de maneira sutil e brilhante. Seu trabalho pode ser considerado, junto com aquele de Marcos Caruso no já citado O Escândalo Philippe Dussaert, como um dos grandes momentos da cena paulistana neste primeiro semestre de 2018.

       A IRA DE NARCISO está em cartaz no Sesc Pinheiros de quinta a sábado às 20h30 só até o próximo fim de semana (12 de maio, sábado). CORRA. ABSOLUTAMENTE IMPERDÍVEL!

05/05/2018


Um comentário:

  1. Cetra, concordo que o espetáculo é muito bom, que o Gilberto está muito bem no papel, mas não é uma surpresa, né? Rs. Tá na cara que, no instante em que sabemos das manchas e da existência do jovem esloveno, aquele seria o final. O interessante é como o Sergio Blanco trama os acontecimentos para nos prender e nos levar até o final. E, claro, como o nome da peça acaba fazendo todo o sentido no final. Abraços.

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