Bibi é teatro musical brasileiro de
gente grande. Apesar de usar os recursos estéticos dos shows da Broadway com números musicais grandiosos com grands finales preparados para os aplausos da plateia, a peça tem cara de
Brasil mostrando aspectos da vida e obra de Bibi Ferreira (1922) e por
consequência do teatro brasileiro, uma vez que Bibi vive a cena brasileira
praticamente desde que nasceu. Figuras que fizeram parte de sua trajetória como
Henriette Morineau, Maria Della Costa, Cacilda Becker, Maria Bethânia, Ítalo
Rossi, Oduvaldo Vianna Filho, Ferreira Gullar, Thereza Aragão e Paulo Pontes
aparecem ao longo do espetáculo, às vezes de forma superficial e caricatural.
Há uma delicada homenagem a Tônia Carrero na cena em que Bibi fica sabendo que
foi escolhida para o papel de Elisa Doolittle em My Fair Lady (Tônia era a
outra candidata ao papel)
Procópio Ferreira (1898-1979),
pai de Bibi, é uma personagem bem desenhada pelos autores e muito bem interpretada
pelo jovem Chris Penna. Sua última saída de cena caracterizando sua morte
emociona e é aplaudida em cena aberta. Guilherme Logullo exagera nos gestos
“combatentes” de Paulo Pontes, mas o faz bem. Leo Bahia brilha como o Mestre de
Cerimônias, bem ladeado por Flávia Santana (Cigana) e Rosana Penna (Vó Irma)
que junto com ele narram a trajetória de Bibi. Destaque também para Luísa
Vianna como a secretária Neide.
Amanda Costa (Bibi) e Chris Penna (Procópio)
A
estrela absoluta da noite é Amanda Costa em interpretação comovida de sua
personagem tanto nos números musicais como nas cenas faladas (sua postura
física na maturidade de Bibi é impressionante). Amanda entrega-se totalmente ao
papel, canta e interpreta maravilhosamente, estando desde já na lista das
melhores atrizes de 2018. Na noite de estreia, ao cumprimentá-la tive o prazer
de ser fotografado ao seu lado pela Nanda Rovere.
Como
Bibi interpretou grandes musicais (My
Fair Lady; Alô, Dolly; O Homem de la
Mancha; Gota d’Água, Piaf), a peça tem chance de recriar momentos
memoráveis dos mesmos. A produção teve o cuidado de pesquisar as letras das
versões originais. As músicas adicionais são de Thereza Tinoco e a segura
direção musical é de Tony Lucchesi que rege um pequeno grupo de oito músicos
com efeito de grande orquestra.
Direção
segura e madura de Tadeu Aguiar a partir do eficiente texto de Artur Xexéo e
Luanna Guimarães que ambienta a trajetória de Bibi em um circo de nome Querolo e que dá um passo adiante em relação aos musicais biográficos provenientes do Rio de Janeiro que têm inundado a cena brasileira.
O
espetáculo é uma grande homenagem não só a Bibi, mas ao teatro brasileiro e
quem se delicia com isso é o feliz espectador.
BIBI,
UMA VIDA EM MUSICAL está em cartaz no Teatro Bradesco às quintas (19h), sextas
e sábados (21h) e domingos (20h) até 01/07. IMPERDÍVEL (até para quem torce o nariz para musicais, mas ama o teatro brasileiro)
14/05/2018
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