Maria Fanchin e Nicole Cordery
Duas
mulheres, uma roteirista e outra atriz, cada uma frustrada à sua maneira, falam
ao telefone com seus interlocutores enquanto aguardam para fazer seus exames
ginecológicos. Acabam se aproximando e tornando-se “amigas”, uma amparando as
fraquezas da outra diante da perversidade do mundo em que vivem. A direção de
Fernanda D’Umbra valoriza a história dessas duas mulheres imprimindo ritmo ágil
à ação. Para tanto se vale do cenário de Anne Cerruti, formado por pufes de
equilíbrios extremamente instáveis (clara metáfora ao desequilíbrio das
personagens) e aos figurinos (também de Anne Cerruti) confeccionados com
embalagem bolha.
A
trilha sonora de Conrado Goys tem aquela qualidade fundamental que é comentar a
ação, sem se impor como protagonista.
Quanto
ao elenco... Quem elogiar em primeiro lugar?
Edu
Guimarães interpreta o patético bancário Washington que se torna a obsessão da
carente Guta (a atriz); seu desequilíbrio ao sentar nos pufes pode entrar para
a antologia das cenas engraçadas do nosso teatro. Edu também interpreta o
namorado da roteirista Nicky.
Maria
Fanchin, verdadeira revelação na peça Pequenas
Certezas (2017), também dirigida por Fernanda D’Umbra, reafirma seu talento
cômico e histriônico, compondo Guta: insegura, carente e ao mesmo tempo tão
engraçada. Suas expressões faciais nas reações às ações do interlocutor são
impagáveis.
Nicole
Cordery, grande talento dramático comprovado em suas duas Alices (Ato a Quatro de 2015 e Alice- Retrato de Mulher Que Cozinha ao Fundo de 2016), mostra com
sua Nicky que também tem excelente tempo de comédia, dando vida e graça até à
leitura de um contrato de trabalho.
A
dinâmica movimentação cênica do elenco realizada/quase coreografada por Vitor
Vieira é outro ponto forte da montagem.
DEADLINE
é um espetáculo tragicômico, como tragicômicos têm sido os dias que vivemos.
Cartaz da Oficina Cultural Oswald de Andrade até 25 de julho às segundas,
terças e quartas às 20h. Entrada franca. NÃO PERCA!
12/06/2018
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