Tatiana Thomé, Maurício de Barros, Daniel Dottori, Glaucia Libertini , Leonardo Cortez e a maquete da Pousada.
Os
pós-dramáticos com certeza vão torcer o nariz para esse novo trabalho de Leonardo
Cortez: Texto construído com começo, meio e fim; com unidades de tempo, lugar e
ação e além do mais (pecado extremo!!) sem narrativa fragmentada vai contra os
dogmas criados pelos discípulos de Hans-Thies Lehmann. O que esse grupo não
percebe é que o teatro não pode ter dogmas nem precisa ser pós-moderno para ser
bom. E Pousada Refúgio é muito bom
teatro, consolidando o trabalho desse dramaturgo que nos últimos anos nos deu os
excelentes Maldito Benefício (2014) e
Sala dos Professores (2016).
Dois
casais se reúnem em jantar para comemorar a construção de uma pousada (metáfora
para o paraíso utópico que todo ser humano almeja). O escapismo fica coroado
com o nome que o grupo batiza o local: “Refúgio”. Bebe-se muito nesse encontro
e aos poucos as verdades e os podres de cada um começam a florescer. Está
presente também o cunhado do dono da casa que irá representar papel
importantíssimo e desestabilizador na trama.
A
peça tem início muito engraçado e evolui para a quase tragédia ao final e o
elenco sabe conduzir essa trajetória de maneira exemplar.
A
direção de Pedro Granato está em perfeita harmonia com o texto de Cortez provando
que o trabalho foi feito em conjunto, o que é revelado no programa da peça.
O
bonito cenário de Diego Dac é construído de maneira exemplar e tem papel
importante e significativo no desenlace. Os floridos figurinos de Marichilene
Artisevkis revelam a personalidade e os desejos da classe média representada na
peça.
Leonardo
Cortez também atua na peça representando o arrogante José Claudio, dono da
casa, que aos poucos vai revelando sua fragilidade; Glaucia Libertini tem forte
presença como a sua esposa. Tatiana Thomé sabe tirar partido de seus momentos
de fúria. Maurício de Barros é presença iluminada em todos os espetáculos que
faz e consegue arrancar boas risadas do público com seu patético Pradella,
professor universitário frustrado. A grande surpresa do espetáculo é Daniel
Dottori como o cunhado bipolar que inicia a peça como mero coadjuvante e depois
se impõe sendo o responsável por vários desvios de trajetória da trama.
Ri-se
muito durante o espetáculo, risos até nervosos, por mexerem com valores do
nosso cotidiano. Ao final, porém, resta aquele gosto amargo na boca da maioria dos
brasileiros que tem seus sonhos destruídos por uma realidade acachapante.
POUSADA
REFÚGIO está em cartaz no Sesc Pompeia às quintas, sextas e sábados às 21h30 e
aos domingos às 18h30. Só até o próximo domingo 1º de julho. CORRA!
24/06/2018
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