“Em
certos dias eu morro e em outros não” ou “Faz algum tempo que não morro”. Qual
dessas duas possibilidades tem a ver com o título desse espetáculo?
Qualquer
que seja, talvez o melhor significado seria “O que fazer nos dias que tenho
de viver?", ou melhor, “O que eu vou fazer com o resto da minha vida?". E parece
que para aquelas conformadas moças a vida vai continuar monótona, triste e
repetitiva apesar de muito colorida e com manhãs sempre maravilhosas. Ou não?
Brilhantemente
concebido e dirigido por José Roberto Jardim e pelas componentes da Academia de Palhaços (Aline Olmos, Laíza
Dantas e Paula Hemsi), o espetáculo tem texto de Paloma Franco Amorim e
primorosas cenografia (Bijari) e iluminação (Paula Hemsi), aprofundando a
belíssima experiência estética iniciada com Adeus
Palhaços Mortos.
O
elenco é impecável, mas não há como não destacar as intervenções, em geral cômicas, de Laíza Dantas.
Deslumbrante,
a princípio; irritante, a seguir, pelas infindáveis repetições de texto e ação
e emocionante, ao final, quando se entende as razões das repetições e do
formalismo imprimido à montagem. O movimento repetitivo das atrizes exige perfeitas
sincronia e continuidade na coreografia extremamente sofisticada exigida pela
encenação.
Uma
atmosfera beckettiana ronda todo o espetáculo que transpira tristeza e
depressão, mas que termina com uma ponta de esperança, quando as personagens se
livram do cubo onde estavam confinadas e finalmente constatam que há algo
diferente no ar.
A
Academia de Palhaços doravante adota
o nome de ultraVioleta_s, a meu ver
um nome difícil, principalmente no que se refere à escrita com minúscula no
início da palavra, maiúscula no meio da palavra e ainda um underline! Enfim! Este não é o propósito desta matéria, mas fica a
observação.
HÁ
DIAS QUE NÃO MORRO saiu do cartaz do SESC Pompeia em 27/10/2019, mas cumpre
nova temporada no Galpão do Folias a partir de 02/11. NÃO DEIXE DE VER.
28/10/2019
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