Nesses
últimos dias tenho visto vários filmes de Marcel Carné (1906-1996).
Surpreendi-me com As Portas da Noite
(1946), Caís das Sombras (1938) e voltei a me encantar com a obra prima absoluta
Les Enfants du Paradis (1945) todos
eles com roteiro do poeta Jacques Prévert (1900-1977) e com o toque de realismo
poético presente principalmente nas externas de Paris reconstituídas em estúdio.
Assisti
também a Trágico Amanhecer (1939), Hotel do Norte (1938), o ótimo Thérèse Raquin (1953) com Simone
Signoret (1921-1985) no auge da beleza e do talento e Três Quartos em Manhattan (1965) que é o alvo desta matéria.
Após
Thérèse Raquin, Carné passou por período
de ostracismo com apenas um filme bem sucedido comercialmente que foi Os Trapaceiros
(1958). Em 1965 ele resolve filmar nos Estados Unidos Três Quartos em Manhattan que apesar do cenário novayorquino e da
excelente trilha sonora jazzística é um filme bastante francês.
O
roteiro é baseado em romance de Georges Simenon (1903-1989) e a interpretação
está a cargo de dois ícones do cinema francês, ambos transbordando talento,
beleza e juventude apesar das personagens serem problemáticas e de certo modo
depressivas. São eles Maurice Ronet (1927-1983) e a maravilhosa Annie Girardot
(1931-2011). É impressionante a maneira como os dois brilham, malgrado a trama e
os diálogos serem bastante fracos.
Cinco
anos antes Girardot já havia atuado em Rocco
e Seus Irmãos (1960), onde dividia o brilho com elenco estelar formado por
Katina Paxinou, Alain Delon e Renato Salvatore (que depois foi seu marido);
aqui ela divide o brilho unicamente com Ronet e temos a ocasião de comprovar
seus imensos talento e carisma.
Na
ocasião em que assisti a Rocco eu não
conhecia Nicole Cordery, mesmo porque ela ainda não estava presente neste mundo.
Ontem ao assistir a Três Quartos em
Manhattan fiquei verdadeiramente impressionado com a semelhança entre essas
duas grandes atrizes. Ao longo do filme, várias vezes eu achava que estava
vendo Nicole em cena. Para comprovar minha impressão pesquisei fotos das duas
em momentos que talvez tivessem a mesma idade e está aí a prova dos nove.
Alguém contesta?
Duas
grandes belezas, dois grandes talentos.
15/04/2020
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