sexta-feira, 22 de maio de 2020

SAMIR YAZBEK



Foto de Juliana Fonte
 
        O sétimo andar do prédio do SESC Consolação é um lugar sagrado para os amantes do teatro. É lá que fica o Centro de Pesquisa Teatral, o famoso CPT. Foi ali que por mais de 30 anos Antunes Filho (1929-2019) idealizou e realizou tantos projetos e espetáculos que marcaram não só a cena paulistana como todo o teatro brasileiro.

        Foi na pequena plateia preparada para os espetáculos que ali se realizavam que conheci Samir Yazbek (1967) no início dos anos 2000. Figura simpática, elegante e bastante acessível com quem foi muito fácil manter diálogo bastante amigável. Comentei que havia assistido e gostado muito de O Fingidor – no meu ponto de vista, sua obra prima - em 1999, tive a liberdade de comentar que não havia apreciado A Máscara do Imperador e que infelizmente havia perdido A Terra Prometida, no que ele imediatamente me ofereceu um exemplar do texto. Não me lembro como o livro chegou até minhas mãos, mas a partir daí acompanho todos os espetáculos escritos e/ou dirigidos por Samir, assim como seus lançamentos em livros.

        No ano de 2006 frequentei uma excelente oficina de dramaturgia que Samir ministrou no SESC Pinheiros. O Mestre sempre simpático e charmoso conquistou o coração da ala feminina do grupo, sendo que era sempre presenteado com maçãs, chocolates e bilhetinhos pelas mocinhas do grupo.

        Os encontros com Samir, além dos comparecimentos em seus espetáculos, são sempre casuais dentro de algum teatro, livraria ou até mesmo nas ruas da cidade, mas sempre muito afetuosos e fraternos, onde sempre falamos do teatro que é a nossa paixão em comum.

        O novo espetáculo de autoria de Samir Tectônicas, dirigido por Marcelo Lazzaratto,  deveria ter estreado no Teatro do SESI no final de março, mas teve sua estreia adiada em razão da quarentena imposta pela pandemia do corona vírus.

        Nesta semana tive acesso a uma excelente entrevista que Samir concedeu a Dionísio Neto onde ele comenta sobre suas origens, sobre a visita emocionante que fez ao Líbano e ao vilarejo de onde seus pais vieram, fala também de como se interessou por teatro, tendo entrado com o pé direito pois o primeiro espetáculo a que assistiu foi Mãos Sujas de Terra (1980) com o Grupo Apoena dirigido por Luiz Carlos Moreira. Samir lembrou-se dos livrinhos vermelhos publicados pela Editora Abril (Coleção Teatro Vivo), que influenciou não só a ele, mas a toda uma geração teatral carente, na época, de bons textos teatrais editados.

        Samir tem projeto antigo de escrever texto sobre Jorge Luis Borges, algo sempre retomado e adiado e ao que parece será finalizado durante a quarentena. A peça já tem título (O Outro de Borges) e deverá estrear em algum teatro do SESC.

        Samir fala bastante sobre dramaturgia e como se estrutura para escrever, tendo em mente sempre que o dramaturgo deve fazer as perguntas corretas e jamais oferecer soluções.

        Na parte final da entrevista ele fala de sua entrada no CPT e se emociona ao comentar a importância de sua relação com Antunes Filho para quem a função social do teatro era muito importante, algo também presente na obra de Samir.

        Samir Yazbek tem vasto currículo como dramaturgo, diretor, professor e até como ator, mas isso eu deixo para as suas consultas       ao Google.

        Ouça a íntegra da entrevista de Samir Yazbek a Dionisio Neto no site Dionisíacas:


 
                22/05/2020

       

 

 

       

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