sábado, 26 de março de 2022

ALASKA

 

Foto de André Nicolau

Há algumas matérias atrás (Coração de Campanha) usei como epígrafe um aforismo de Schopenhauer que se encaixa de tal maneira ao presente espetáculo que não posso deixar de repeti-lo:

Durante um áspero dia invernal, apertam-se os porcos espinhos de uma manada uns contra os outros para se proporcionarem mútuo calor. Mas, ao fazê-lo ferir-se-ão reciprocamente com seus espinhos, de modo que terão de separar-se. De novo obrigados a ajuntar-se, tornarão a machucar-se e a distanciar-se. Essas alternativas de aproximação e distanciamento durarão até que lhes seja dado encontrar uma distância média em que ambos os males ficam mitigados”

Essa frase poderia servir de sinopse para o espetáculo Alaska de autoria da dramaturga norte americana Cindy Lou Johnson com direção de Rodrigo Pandolfo em cartaz no Centro Cultural São Paulo, onde os porcos espinhos seriam uma metáfora de Rosannah e Henry, os protagonistas da trama.

O belo, imenso, mas também ingrato Espaço Ademar Guerra poucas vezes foi tão bem utilizado. A encenação de Pandolfo é visualmente muito bonita utilizando as paredes inclinadas e o fundo do local preenchidos com a cenografia de Miguel Pinto Guimarães e a criativa iluminação de Wagner Antonio. Os conhecidos problemas de acústica do espaço foram em parte solucionados com as vozes do elenco microfonadas.

Destaque para a bela e elegante participação de Gabs Ambrózia e Canafístula Lima na contrarregragem performática.

E é nesse ambiente cheio de neve que Louise D’Tuani e Rodrigo Pandolfo interpretam com muita energia esses dois seres carentes que se aproximam e se distanciam até se harmonizarem no belo final do espetáculo.

Alaska cumpre curta temporada de apenas 12 apresentações que termina no próximo domingo, 27. Os ingressos gratuitos são distribuídos uma hora antes do início do espetáculo. 

26/03/2022

 

 

 

 

 

 

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