Em 1970 o dramaturgo
e diretor inglês Christopher Bond (1945) escreveu texto baseado em um conto
vitoriano intitulado Sweeney Todd. Em 1979 Hugh Wheeler (1912-1987)
escreve o libreto e o incomparável Stephen Sondheim (1930-2021) compõe música e
letras para um musical baseado no texto de Bond. Surge Sweeney Todd – O Cruel
Barbeiro da Rua Fleet, que em boa hora (quase 50 anos depois) estreia em
nossos palcos pelas mãos mágicas de Zé Henrique de Paula sempre em companhia da
nossa Midas, Fernanda Maia, que assina a versão do texto, a direção musical e a
regência da orquestra.
O musical é encenado
no 033 Rooftop (por que usar termos estrangeiros?) do Teatro
Santander e é muito bonito o ambiente criado com mesas ao invés das
tradicionais plateias. O cenário assinado pelo diretor reproduzindo um ambiente
vitoriano sombrio, está distribuído por todo o espaço obrigando o espectador a
girar o corpo para acompanhar todas as cenas (lembrei-me que quando Victor
Garcia dirigiu e Ruth Escobar produziu Cemitério de Automóveis (1968) em
uma antiga oficina que se tornou o Teatro Treze de Maio, o público
sentava-se em cadeiras giratórias que facilitavam o giro). Quanto ao cenário é importante
lembrar que Zé Henrique explora criativamente cada pedaço do espaço, incluindo
cortinas, tudo lindamente iluminado por Fran Barros e Túlio Pezzoni.
João Pimenta que
acaba de nos brindar com os figurinos de Pérsia do Grupo Sobrevento,
volta a fazê-lo com as soturnas e significativas vestes das personagens que
circulam no entorno da Rua Fleet.
As canções de
Sondheim para este espetáculo não são daquelas assobiáveis na saída do teatro,
mas são muito bonitas e extremamente condizentes com a trama trágica contada.
Em relação à música cabe destacar a excelente atuação da orquestra sob o
comando de Fernanda Maia.
O elenco de 17 atores
é harmônico e muito bom, tanto quando falam como quando cantam.
Escrever sobre o
talento de Guilherme Sant’Anna é chover no molhado, mas ele surpreende ao
cantar (e muito bem), principalmente, na cena da cadeira de barbeiro em que ele
canta e Sweeney assobia.
Boas surpresas são as
presenças de Mateus Ribeiro como o garoto Tobias (único sobrevivente da
história) e Dennis Pinheiro, o enamorado Anthony, uma belíssima voz que com
certeza fará brilhante carreira no teatro musical.
As estrelas do
espetáculo são Andrezza Massei como Dona Lovett e Rodrigo Lombardi como
Sweeney. Cantam muito bem, interpretam seus personagens com raça e humor
conduzindo a trama “quase” até seu trágico final.
Trazer a obra de
Sondheim é um dos grandes méritos deste espetáculo. Meses antes do grande
compositor falecer, escrevi matéria sobre ele intitulada Sondheim Por Que
Não? que volto a disponibilizar aqui.
https://palcopaulistano.blogspot.com/2021/10/sondheim-por-que-nao.html
Um dia ainda eu
assisto a A Little Night Music em nossos palcos e me delicio com uma das
mais belas canções do compositor e, quiçá, de todo o cancioneiro
norte-americano: Send In the Clowns.
SWEENEY TODD está em
cartaz no 033 Rooftop do Teatro Santander às sextas às 21h30, sábados às 16h e
20h30 e aos domingos às 18h.
UM DELICIOSO ENTRETENIMENTO!
10/04/2022
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