domingo, 10 de abril de 2022

SWEENEY TODD – O CRUEL BARBEIRO DA RUA FLEET

 

Em 1970 o dramaturgo e diretor inglês Christopher Bond (1945) escreveu texto baseado em um conto vitoriano intitulado Sweeney Todd. Em 1979 Hugh Wheeler (1912-1987) escreve o libreto e o incomparável Stephen Sondheim (1930-2021) compõe música e letras para um musical baseado no texto de Bond. Surge Sweeney Todd – O Cruel Barbeiro da Rua Fleet, que em boa hora (quase 50 anos depois) estreia em nossos palcos pelas mãos mágicas de Zé Henrique de Paula sempre em companhia da nossa Midas, Fernanda Maia, que assina a versão do texto, a direção musical e a regência da orquestra.

O musical é encenado no 033 Rooftop (por que usar termos estrangeiros?) do Teatro Santander e é muito bonito o ambiente criado com mesas ao invés das tradicionais plateias. O cenário assinado pelo diretor reproduzindo um ambiente vitoriano sombrio, está distribuído por todo o espaço obrigando o espectador a girar o corpo para acompanhar todas as cenas (lembrei-me que quando Victor Garcia dirigiu e Ruth Escobar produziu Cemitério de Automóveis (1968) em uma antiga oficina que se tornou o Teatro Treze de Maio, o público sentava-se em cadeiras giratórias que facilitavam o giro). Quanto ao cenário é importante lembrar que Zé Henrique explora criativamente cada pedaço do espaço, incluindo cortinas, tudo lindamente iluminado por Fran Barros e Túlio Pezzoni.

João Pimenta que acaba de nos brindar com os figurinos de Pérsia do Grupo Sobrevento, volta a fazê-lo com as soturnas e significativas vestes das personagens que circulam no entorno da Rua Fleet.

As canções de Sondheim para este espetáculo não são daquelas assobiáveis na saída do teatro, mas são muito bonitas e extremamente condizentes com a trama trágica contada. Em relação à música cabe destacar a excelente atuação da orquestra sob o comando de Fernanda Maia.

O elenco de 17 atores é harmônico e muito bom, tanto quando falam como quando cantam.

Escrever sobre o talento de Guilherme Sant’Anna é chover no molhado, mas ele surpreende ao cantar (e muito bem), principalmente, na cena da cadeira de barbeiro em que ele canta e Sweeney assobia.

Boas surpresas são as presenças de Mateus Ribeiro como o garoto Tobias (único sobrevivente da história) e Dennis Pinheiro, o enamorado Anthony, uma belíssima voz que com certeza fará brilhante carreira no teatro musical.

As estrelas do espetáculo são Andrezza Massei como Dona Lovett e Rodrigo Lombardi como Sweeney. Cantam muito bem, interpretam seus personagens com raça e humor conduzindo a trama “quase” até seu trágico final.

Trazer a obra de Sondheim é um dos grandes méritos deste espetáculo. Meses antes do grande compositor falecer, escrevi matéria sobre ele intitulada Sondheim Por Que Não? que volto a disponibilizar aqui.

https://palcopaulistano.blogspot.com/2021/10/sondheim-por-que-nao.html

Um dia ainda eu assisto a A Little Night Music em nossos palcos e me delicio com uma das mais belas canções do compositor e, quiçá, de todo o cancioneiro norte-americano: Send In the Clowns. 

SWEENEY TODD está em cartaz no 033 Rooftop do Teatro Santander às sextas às 21h30, sábados às 16h e 20h30 e aos domingos às 18h.

UM DELICIOSO ENTRETENIMENTO! 

10/04/2022

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