segunda-feira, 27 de maio de 2024

A MULHER SEM PECADO

 

 

        1 – Um pouco de história

Em 1941 Nelson Rodrigues (1912-1980) tinha 29 anos e era recém casado com Elza quando escreveu sua primeira peça, A Mulher Sem Pecado, cujo tema, o adultério, estaria presente praticamente em toda sua obra teatral.  

Em sua estreia a peça não teve maior repercussão e Nelson só foi revelado como teatrólogo dois anos depois com a montagem histórica de Vestido de Noiva dirigida por Ziembinski.

A produção teatral de Nelson Rodrigues é intensa nas décadas de 1940 (seis títulos) e 1950 (seis títulos), diminuindo para três peças (1960) e apenas duas (1970). Faleceu dois anos após ter escrito seu último texto teatral (A Serpente, 1978).

2 – Nelson Rodrigues e o Grupo Gattu

A Mulher Sem Pecado é a peça menos montada de Nelson Rodrigues e em boa hora Eloisa Vitz lembrou de fazê-lo.  O texto tem todas as características rodriguianas: diálogo ágil, desfecho surpreendente, tratamento intenso da obsessão do protagonista Olegário e sua relação doentia com a esposa Lídia, construção perfeita dos demais personagens que ajudam a desenvolver a trama: a empregada, o motorista, o irmão de criação e a mãe de Lídia.

Vitz tem em seu currículo encenações importantes de peças de Nelson Rodrigues e mais uma vez mostra pleno domínio do universo do autor. Situa a ação da peça em um espaço vazio com escadas por onde se deslocam os personagens; a única presença constante em cena é o cadeirante Olegário. O espaço cênico criado por Heron Medeiros é iluminado por Eloisa Vitz e Newton Saiki.

Toda a potência da encenação está nas mãos do elenco: Jailton Nunes representa Maurício, o irmão de criação e Lilian Peres é Dona Márcia, a mãe de Lídia. Em um papel relativamente secundário (a empregada Inézia) Mariana Fidelis mostra toda sua versatilidade, talento e beleza em grande momento de sua carreira.

O trio principal da trama é interpretado por Paulo de Almeida (Umberto, o chofer), Miriam Jardim (poderosa e irresistível) como Lídia e Daniel Gonzales em um verdadeiro tour de force como o marido Olegário. Apesar de ser bem mais jovem do que o personagem, Daniel o faz de maneira bastante convincente.

Em gesto bastante altruísta, Eloisa reserva-se apenas uma pequena aparição como a primeira mulher já falecida.

Ir ao Grupo Gattu é sempre um prazer redobrado: por um lado é a certeza de assistir a um bom espetáculo e por outro a alegria de ser acolhido com muita simpatia e gentileza.



O meio teatral paulistano tem muito o que aprender com o Grupo Gattu, sediado em um aconchegante sobrado na Rua Damiana da Cunha 413 no bairro de Santana.

A Mulher Sem Pecado tem sessões às quintas (20h), sextas e sábados (21h) e domingos (19h)

ENTRADA FRANCA

 

Um comentário:

  1. Obrigada querido Cetra pela crítica primorosa! Agradecida pelo seu olhar e palavras! É sempre uma alegria recebê-lo! Mariana Fidelis

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