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– Um pouco de história
Em 1941 Nelson
Rodrigues (1912-1980) tinha 29 anos e era recém casado com Elza quando escreveu
sua primeira peça, A Mulher Sem Pecado, cujo tema, o adultério, estaria
presente praticamente em toda sua obra teatral.
Em sua estreia a peça
não teve maior repercussão e Nelson só foi revelado como teatrólogo dois anos
depois com a montagem histórica de Vestido de Noiva dirigida por
Ziembinski.
A produção teatral de Nelson Rodrigues é intensa nas décadas de 1940 (seis títulos) e 1950 (seis títulos), diminuindo para três peças (1960) e apenas duas (1970). Faleceu dois anos após ter escrito seu último texto teatral (A Serpente, 1978).
2 – Nelson Rodrigues
e o Grupo Gattu
A Mulher Sem Pecado é a peça menos
montada de Nelson Rodrigues e em boa hora Eloisa Vitz lembrou de fazê-lo. O texto tem todas as características rodriguianas:
diálogo ágil, desfecho surpreendente, tratamento intenso da obsessão do
protagonista Olegário e sua relação doentia com a esposa Lídia, construção
perfeita dos demais personagens que ajudam a desenvolver a trama: a empregada,
o motorista, o irmão de criação e a mãe de Lídia.
Vitz tem em seu
currículo encenações importantes de peças de Nelson Rodrigues e mais uma vez
mostra pleno domínio do universo do autor. Situa a ação da peça em um espaço
vazio com escadas por onde se deslocam os personagens; a única presença
constante em cena é o cadeirante Olegário. O espaço cênico criado por Heron
Medeiros é iluminado por Eloisa Vitz e Newton Saiki.
Toda a potência da
encenação está nas mãos do elenco: Jailton Nunes representa Maurício, o irmão
de criação e Lilian Peres é Dona Márcia, a mãe de Lídia. Em um papel
relativamente secundário (a empregada Inézia) Mariana Fidelis mostra toda sua
versatilidade, talento e beleza em grande momento de sua carreira.
O trio principal da
trama é interpretado por Paulo de Almeida (Umberto, o chofer), Miriam Jardim
(poderosa e irresistível) como Lídia e Daniel Gonzales em um verdadeiro tour
de force como o marido Olegário. Apesar de ser bem mais jovem do que o
personagem, Daniel o faz de maneira bastante convincente.
Em gesto bastante
altruísta, Eloisa reserva-se apenas uma pequena aparição como a primeira mulher
já falecida.
Ir ao Grupo Gattu é
sempre um prazer redobrado: por um lado é a certeza de assistir a um bom espetáculo
e por outro a alegria de ser acolhido com muita simpatia e gentileza.
O meio teatral
paulistano tem muito o que aprender com o Grupo Gattu, sediado em um
aconchegante sobrado na Rua Damiana da Cunha 413 no bairro de Santana.
A Mulher Sem Pecado
tem sessões às quintas (20h), sextas e sábados (21h) e domingos (19h)
ENTRADA FRANCA
Obrigada querido Cetra pela crítica primorosa! Agradecida pelo seu olhar e palavras! É sempre uma alegria recebê-lo! Mariana Fidelis
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