Há uma dificuldade
generalizada em transpor uma ótima ideia para uma dramaturgia consistente que
resulte em um bom espetáculo teatral quando levada ao palco por um encenador.
Esse é o caso desse
confuso espetáculo peruano com o sugestivo título acima e que esclarece em sua
sinopse que “o fogo é uma ameaça constante: o incêndio que destrói as
florestas, a faísca que brota dentro das pessoas e as consome”.
O que se vê no palco
são três gerações de mulheres de uma mesma família, cada uma a beira de um
ataque de nervos, prestes a se consumir nas chamas de seus incêndios internos.
Elas circulam
ruidosamente por sua casa e se agitam ainda mais com a chegada do pai da jovem
que representa o poder patriarcal denunciado pela peça. Não é à toa que a gata
da casa, tão cara para as mulheres, leva o nome de Flora Tristan, uma
importante ativista socialista franco-peruana que viveu no século XIX. Só como
curiosidade acrescento que Flora Tristan era a avó do pintor Paul Gaughin.
A
dramaturgia/encenação de Mariana de Althaus faz uma mistura de realismo
fantástico, com teatro de absurdo, com surrealismo e até com elementos
sobrenaturais tudo dentro de uma aparente realidade, algo que resulta em certa
dificuldade de compreensão para o público.
O elenco feminino é
bom, apesar de um certo exagero interpretativo da atriz que faz a mãe e Lucho
Cáceres que já havia brilhado em Esperanza, interpreta o guaxinim...opa!
o pai.
Coelhos e gatos
circulam pacificamente pela casa, mas quando começa na floresta o incêndio
previsto pela avó, animais em fuga invadem a casa.
Black Out. Fim do espetáculo.
10/09/2024
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