terça-feira, 10 de setembro de 2024

QUEMAR EL BOSQUE CONTIGO ADENTRO

 

Há uma dificuldade generalizada em transpor uma ótima ideia para uma dramaturgia consistente que resulte em um bom espetáculo teatral quando levada ao palco por um encenador.

Esse é o caso desse confuso espetáculo peruano com o sugestivo título acima e que esclarece em sua sinopse que “o fogo é uma ameaça constante: o incêndio que destrói as florestas, a faísca que brota dentro das pessoas e as consome”.

O que se vê no palco são três gerações de mulheres de uma mesma família, cada uma a beira de um ataque de nervos, prestes a se consumir nas chamas de seus incêndios internos.

Elas circulam ruidosamente por sua casa e se agitam ainda mais com a chegada do pai da jovem que representa o poder patriarcal denunciado pela peça. Não é à toa que a gata da casa, tão cara para as mulheres, leva o nome de Flora Tristan, uma importante ativista socialista franco-peruana que viveu no século XIX. Só como curiosidade acrescento que Flora Tristan era a avó do pintor Paul Gaughin.

A dramaturgia/encenação de Mariana de Althaus faz uma mistura de realismo fantástico, com teatro de absurdo, com surrealismo e até com elementos sobrenaturais tudo dentro de uma aparente realidade, algo que resulta em certa dificuldade de compreensão para o público.

O elenco feminino é bom, apesar de um certo exagero interpretativo da atriz que faz a mãe e Lucho Cáceres que já havia brilhado em Esperanza, interpreta o guaxinim...opa! o pai.

Coelhos e gatos circulam pacificamente pela casa, mas quando começa na floresta o incêndio previsto pela avó, animais em fuga invadem a casa.

Black Out. Fim do espetáculo. 

10/09/2024

 

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