A
primeira grata surpresa acontece ao entrar no Teatro Anchieta e se deparar com
o magnífico cenário ultrarrealista da sempre talentosa Marisa Bentivegna que
reproduz a cozinha e a sala de uma casa de campo tendo ao fundo, do lado
externo, várias árvores. Esse cenário será belamente iluminado (Wagner Freire)
durante o desenrolar da trama culminando com a cena da tempestade quase ao
final da peça. Finalmente é importante citar que a potente trilha sonora de
Daniel Maia colabora fortemente para criar o ambiente necessário para o
desenvolvimento da história de um homem cujo sonho maior é pescar trutas que
vêm do mar e está envolvido com uma mulher. Uma mulher? Duas? Três? Ou nenhuma?
Foto de Ligia Jardim
O
instigante texto de 2012 do dramaturgo inglês Jez Butterworth (1969) tem aquela
magia de deixar muitas perguntas para o espectador e não dar nenhuma resposta,
apenas pistas metafóricas. A título de curiosidade cabe lembrar que o autor já
teve outro ótimo texto (Mojo) montado
em São Paulo pelo Núcleo Experimental sob a direção de Zé Henrique de Paula.
A
direção de Nelson Baskerville é bastante límpida e objetiva (até onde o texto
permite sê-la) valendo-se dos ótimos recursos citados na abertura desta matéria
e de elenco ótimo formado por ele próprio como o Homem e Virginia Cavendish e
Maria Manoella como a(s) personagem (s) da Mulher.
Não há como não notar que Maria Manoella,
apesar de bastante jovem, tem porte, talento e beleza para se tornar mais uma
das grandes damas do nosso teatro. Sua entrada em cena ilumina o palco mais que
todos os refletores do teatro.
Seria
injusto não citar, sob pena de ser estraga prazer (seria essa a melhor tradução
para spoiler?), a participação muito
especial de Luciana Caruso.
O Rio marca mais um tento na carreira de
Nelson Baskerville e deve ser visto por quem aprecia textos inteligentes que não dão soluções, mas indagações.
O
RIO está em cartaz no Teatro Anchieta até 25/02 às sextas e aos sábados às 21h
e aos domingos às 18h
31/01/2018
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