Em
levantamento mensal realizado com dados do Guia
de Teatro, cheguei à seguinte
distribuição (média) para os espetáculos realizados nos palcos da cidade em
2019:
-
Dramaturgia brasileira: 49%
-
Dramaturgia estrangeira: 16%
-
Stand up: 8%
-
Teatro infantil: 27%
Considerando
apenas o teatro adulto, a distribuição seria:
-
Dramaturgia nacional: 75%
-
Dramaturgia estrangeira: 25%
O
levantamento nos guias de teatro de São Paulo (Guia OFF, Guia de Teatro,
Boca a Boca, Guia de A Folha de S. Paulo e Guia
de O Estado de S. Paulo) revelou
a presença de 511 títulos de autores brasileiros, donde podemos concluir que a
cidade abrigou cerca de 1040 espetáculos teatrais, assim distribuídos:
-
Dramaturgia brasileira: 511
-
Dramaturgia estrangeira: ~170
-
Stand up: ~ 80
-
Teatro infantil: ~ 280
Apesar
do cerceamento feito à cultura por meio de censura, cortes de patrocínio e
cancelamento de editais, o teatro resistiu bravamente colocando de pé mais de
mil produções. Apesar de você, Seu Rêgo, nós estamos aí e vamos resistir!
Voltando
à dramaturgia brasileira que é o objeto desta matéria, segue abaixo uma análise
do que ocorreu em 2019. Os 511 títulos podem ser tanto estreias como reestreias
de espetáculos vindos de 2018.
A
distribuição se mostrou bastante diversa de anos anteriores. Plínio Marcos
liderou a lista com sete espetáculos de sua autoria.
Nelson
Rodrigues perdeu o primeiro posto comparecendo “apenas” com quatro
montagens, empatado com Aimar Labaki, Ronaldo Ciambroni e Walcyr Carrasco.
14
dramaturgos tiveram três montagens de seus trabalhos. São eles: Caio
Fernando Abreu, Lucas Papp, Marcelo Marcus Fonseca, Márcio Marciano, Martins
Pena, Muriel Vitória, Natan Bandeira, Newton Moreno, Paula Giannini, Pedro
Brício, Pedro Cardoso, Rudinei Borges, Sérgio Roveri e Victor Nóvoa. Como se
pode notar nomes bastante famosos misturam-se a outros pouco conhecidos.
Com
duas montagens temos a presença de 38 dramaturgos.
24
espetáculos são definidos como criação coletiva/diversos autores e apenas três
como processo colaborativo. Essas classificações são passíveis de crítica
porque nunca aparecem de maneira explícita na ficha técnica.
349
autores tiveram um espetáculo montado. Dramaturgos consolidados como
Kiko Marques, Silvia Gomez e Alexandre Dal Farra aparecem junto com muitos
nomes desconhecidos que lamentavelmente é bem provável que não voltem a
comparecer em listas futuras.
A
V Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos
do CCSP continuou sendo importante veículo para a difusão da nossa
dramaturgia.
Numa
seleção puramente pessoal, destaco aqueles títulos e autores que mais
contribuíram para o enriquecimento da dramaturgia brasileira: Biagio Pecorelli
(Res Pública 2023), Eloisa Elena (Entre), Kiko Marques (Casa Submersa), Newton Moreno (As Cangaceiras
Guerreiras do Sertão), René Piazentin (A
Neve), Silvia Gomez (Neste Mundo
Louco, Nesta Noite Brilhante).
A
maioria dos textos foi criada isoladamente pelo(s) autor(es) (470) ou foram
adaptações assinadas pelo adaptador (17). Houve 24 criações coletivas e três
processos colaborativos. Em 64 casos a obra contou com co-autor.
Em
284 espetáculos o autor exerceu outras funções como ator e/ou diretor.
Mais
uma vez os dramas (289) prevaleceram sobre as comédias (96). Houve considerável
número de musicais brasileiros (59) e 67 títulos que se definem como religioso,
teatro coreográfico, teatro imersivo e outras invencionices.
Quanto
ao tamanho do elenco houve 112 monólogos, 82 montagens com dois atores e 317
com três ou mais atores.
Apenas
77 espetáculos explicitaram a ligação com um grupo/companhia.
2020
começa com as mesmas perspectivas sombrias que rondaram o ano que está acabando
e mesmo assim sobrevivemos! Nossos esteios continuarão sendo o SESC, o Itaú
Cultural, o CCSP e a Secretaria Municipal de Cultura (enquanto perdurar a atual
administração). Com o CCBB, a Caixa Cultural e a Funarte pouco se poderá contar
e mesmo com o SESI que parece estar acenando para o Seu Rêgo.
Já
há vários espetáculos anunciados para o início do ano e estão confirmados pelo
menos três importantes eventos: a MITsp,
a Mostra de Dramaturgia em Pequenos
Formatos do CCSP e o Mirada –
Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas.
Termino esta matéria repetindo a frase com
a qual encerrei a matéria do ano passado:
Muita água vai passar debaixo da ponte em
2020 e nós, espectadores, estaremos na plateia de algum templo da utopia e da
esperança apreciando e aplaudindo o trabalho dos corajosos artistas
que fazem do teatro a sua bandeira de resistência e de luta.
O TEATRO NOS UNE
O TEATRO NOS TORNA FORTE
VIVA O TEATRO!
29/12/2019
É uma pena que as comédias são sempre julgadas como uma "arte menor". Nem sequer São assistidas a não ser que tenha um ator muito famoso no elenco. Sei que existem comédias "caça niqueis" que são verdadeiras porcarias mas rejeitado totalmente esse estilo é muito cruel. Nem só de "peças cabeca" vive o mercado do entretenimento. Nossa comédia "Até que a Morte nos Separe", sequer foi vista pela crítica apesar de ficar quase um ano em cartaz. Enfim, o momento mercadológico só abraça obras com engajamento político. Chegamos a apresentar nossa peça para um Sesc que julgou nossa peça "muito leve". Pediram para pesar a mão na parte que falávamos de sexo na melhor idade para talvez sermos aprovados à uma possível captação. O que optamos por não fazer já que tratava-se de uma comédia romântica. Enfim, apenas uma constatação. Obrigada.
ResponderExcluirCetra,navegando neste mar do Facebook,me deparei hoje com esta matéria. Ah.... feliz de estar ai e de seguir com o ENTRE. Obrigada pelo seu olhar devoto, atento, necessário ao teatro. E que venha 2022, com muitos outros textos ganhando palcos.
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