O
multi artista Tadeusz Kantor nasceu na cidade polonesa de Wielopole em 1915
durante a primeira guerra mundial e viveu sua vida e sua arte na Polônia, um
dos países mais invadidos e mais devastados da Europa durante e depois das duas
grandes guerras. Kantor passou por essas
duas calamidades da humanidade e tendo vivido próximo ao campo de concentração
de Auschwitz, respondeu com sua arte à provocação de Theodor Adorno “Escrever poesia depois de Auschwitz é imoral”. Estabelecido na Cracovia, ali
criou a maior parte de sua obra, fundou o seu teatro, e faleceu em 1990.
Por
ocasião da Mostra Máquina Tadeusz Kantor
realizada pelo SESC em 2015, o grupo OPOVOEMPÉ realizou espetáculo inspirado na
obra de Kantor com relatos/situações colhidos pelo próprio elenco quando
visitou a Polônia.
O
resultado é essa instigante peça-conferência ora em cartaz no Teatro Sérgio
Cardoso, onde quatro atrizes auxiliadas por eficientes luz, vídeo e som operados
em cena e por vários objetos na melhor tradição kantoriana oferecem ao público
diversas facetas da Polônia pós-holocausto e do Brasil de hoje por meio de
pequenas cenas costuradas pela dramaturgia assinada por Cristiane Zuan Esteves.
As
cenas podem ser a relação de palavras de origem polonesa que usamos no dia a
dia, os relatos de brasileiros em visita à Polônia, cartas de amantes, ou mesmo a reconstituição
cênica de A Balsa da Medusa,
emblemático quadro de Gèricault onde 149 homens estão à deriva no mar
(curiosamente a capacidade da Sala Paschoal Carlos Magno é de 144 espectadores
e foi uma pena que na apresentação a que assisti, ninguém ousou fazer parte da
encenação, afinal no Brasil de hoje, estamos todos à deriva). A peça encerra de
maneira comovente com a leitura das perguntas que o público fez para alguém que
não está mais entre nós. O palco vazio mostra apenas os adereços cênicos, os
envelopes com as perguntas e o quadro de Géricault ao fundo enquanto as luzes
vão se apagando lentamente.
Espetáculo
simples e eficiente resgatando a obra do grande artista polonês, trazendo à
tona os problemas que nos afligem e valorizado pelas ótimas composições das
atrizes Ana Luiza Leão, Andréa Tedesco, Manuela Afonso e Paula Possani e pela
direção de Cristiane Zuan Esteves.
NA
POLÔNIA, ISSO É ONDE? está em cartaz apenas até a próxima quinta feira, dia
20/02 no Teatro Sérgio Cardoso. Quartas e quintas às 20h. NÃO DEIXE DE VER.
13/02/2020
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