sábado, 1 de fevereiro de 2020

ELIZABETH COSTELLO


 
        Conheço muito pouco sobre o escritor sul-africano J.M. Coetzee, ganhador do Prêmio Nobel de literatura de 2003 e que completa 80 anos no próximo dia 09 de fevereiro.  Informações colhidas na Wikipédia e notas de roda pé de alguns de seus livros eram tudo o que eu sabia sobre ele ao adentrar o espaço cênico onde os espectadores são carinhosamente recebidos pela atriz e pelo diretor do espetáculo.
        Elizabeth Costello é uma personagem criada pelo autor  (que deve conter muito dos seus pensamentos e de seus valores) para o romance do mesmo nome que impactou Lavínia Pannunzio quando de sua leitura e que a atriz junto com o diretor Leonardo Ventura transformaram nesse trabalho de forte impacto emocional.
        Cada frase emitida pela personagem é de tal profundidade e tão cheia de significados que quase não dá tempo de absorvê-la, pois já vem outra tão profunda e tão significativa quanto a anterior. Lavínia, com sua estonteante presença cênica, consegue contornar essa dificuldade com sua movimentação e uma dicção digna da profissão que ela exerce com tanta paixão. Muitos são os temas que Elizabeth traz à tona e seria leviano de minha parte analisar o texto sem tê-lo lido e ainda imbuído da forte emoção que senti ao assistir ao espetáculo. Com mais razão que emoção, talvez eu conseguisse fazê-lo. De qualquer maneira me atrevo a dizer que mais do que tudo tanto o texto como a encenação transpiram HUMANIDADE, algo tão raro nos dias de hoje.
        A encenação de Leonardo Ventura é coisa de ourives, pois manipula com mestria a arte dourada da atriz Lavínia Pannunzio que tem a interpretação mais marcante de sua invejável carreira [ela já brilhou como a Leninha de O Abajur Lilás (2001) (lembramos-nos disso na noite de ontem, após a apresentação), o Pozzo de Esperando Godot (2006), a Madame Clessy de Vestido de Noiva (2013), a Dona GuiGui de Boca de Ouro (2017) e tantos outros significativos trabalhos que haveria necessidade de muitas laudas para relacioná-los]. De qualquer maneira, ao que eu saiba, este é o primeiro solo de Lavínia e com certeza ficará como um marco de sua trajetória artística. É a atriz na plena maturidade de seu ofício.
        Luminosa também é a arte de Aline Santini, que de posse das características do espaço cênico e do cenário (no caso, clean e bastante eficiente, de Chris Aizner) os reveste de luzes que comentam e enriquecem a ação da peça.
        Elizabeth Costello é uma soma de talentos raramente encontrada em nossos palcos e merece longa carreira para difundir o pensamento de Coetzee e o imenso talento de Lavínia Pannunzio.
        Chega de elogios!

 
        ELIZABETH COSTELLO está em cartaz no TUSP apenas até 16/02. Quarta a sábado, 21h e domingo, 20h. CORRA!!!
 
        01/02/2020

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