Gustavo Rodrigues é
um ator carioca pouco presente nos palcos paulistanos; dotado de grande talento
e versatilidade, quem teve o privilégio de assistir a Billdog em 2014 no
saudoso CIT Ecum onde ele interpretava nada menos que 38 personagens sabe do
que estou falando. Gustavo chegou a montar Billdog 2 que infelizmente
ficou restrito aos palcos cariocas.
Partindo de fato
realmente surpreendente o ator, dotado também de alma roqueira, solicitou à
dramaturga Daniela Pereira de Carvalho que escrevesse um texto sobre a morte
prematura aos 27 anos de cinco ídolos do rock, a saber: Jimi Hendrix
(27/11/1942 – 18/09/1970), Janis Joplin (19/01/1943-04/10/1970), Jim Morrison
(08/12/1943-03/07/1971), Kurt Cobain (20/02/1967-05/04/1994) e Amy Winehouse
(14/09/1983-23/07/2011); lembrando ainda que quem puxou a fila muito antes foi
o cantor e guitarrista de blues Robert Johnson (08/05/1911-16/08/1938).
De posse dessa ideia
a dramaturga criou a personagem de um roqueiro de meia idade que, de certa
forma, também morreu aos 27 anos (não revelo a razão para não estragar o prazer
do futuro espectador) e é com os traumas dessa personagem e suas recordações
dos cinco artistas mortos que a peça se desenvolve.
Mais um trabalho de
fôlego de Gustavo Rodrigues que toca, canta, narra e vive as estrelas do rock
em questão. Ele é acompanhado da bela voz de Laura Lenzi (que, além de tecladista,
interpreta as canções de Amy e Janis), Arthur Martau (baterista), Tauã de
Lorena (guitarrista) e Sandra Nisseli (baixista). Ricco Vianna e Tauã de Lorena
assinam a excelente direção musical.
Com as novas
linguagens surgidas nestes tempos de pandemia a peça-filme (segundo release)
transita entre teatro e áudio visual naquilo que também já se definiu como peça
híbrida. Independentemente do nome que se queira dar, o importante é que o
resultado dessa direção conjunta de Vera Holtz (interpretação), Guilherme Leme
Garcia (encenação) e Gustavo Leme (olhar cinematográfico) é simplesmente
excepcional.
Fotografado em
belíssimo preto e branco o espetáculo revela o corpo suado e cansado e a alma
também exausta desse homem desesperançado que, de alguma maneira, sofre por não
ter tido o mesmo destino do pessoal do Clube dos 27: Bob, Jimi, Janis, Jim,
Kurt e Amy.
27’s não se restringe
à morte dos biografados e procura mostrar as razões dessas mortes: “O mundo
está cheio de gente querendo apontar seus dedos na cara daqueles que lhe
são diferentes”, exclama com indignação o roqueiro em certo momento da peça.
E não é isso o que o dito homo sapiens mais sabe fazer?
27’s é ABSOLUTAMENTE
IMPERDÍVEL e pode ser visto no YouTube (bit.ly/espetaculo27s) nos dias 28, 29 e
30 às 19h e às 21h e no dia 31 às 19h.
28/03/2021
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