terça-feira, 20 de setembro de 2022

MIRADA 2022 – BALANÇO

 

INTRODUÇÃO 

De 09 a 18 de setembro de 2022 aconteceu a sexta edição do Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, realização bienal do SESC na cidade de Santos, evento mais conhecido com o significativo nome de Mirada.

O Mirada é um dos mais importantes festivais brasileiros de teatro e deve muito dessa importância à alta qualidade dos espetáculos apresentados, vindos de países da América Latina, Portugal e Espanha.

 A curadoria desta edição; creditada ao quarteto Adriele Duran Silva, Emerson Pirola, Rani Bacil Fuzetto e Tommy Ferrari Della Pietra, assistentes para artes cênicas do SESC São Paulo; contemplou 36 espetáculos vindos de diversos países: Argentina (3), Bolívia/Brasil (1), Brasil (10), Brasil/Argentina (1), Chile (2), Colômbia (1), Cuba (1), Equador (1), Espanha (2), México (1), Peru(2), Portugal (8), Portugal/Chile (1), Uruguai (1), Venezuela/Espanha/Brasil (1). Pode-se contestar/criticar/gostar este ou aquele espetáculo, mas é inegável a importância e o nível de profissionalismo de cada um deles.

Em cada edição um país é homenageado e tem um numero maior de espetáculos apresentados. Em 2022 foi a vez de Portugal. Nas edições anteriores os homenageados foram: Argentina (2010), México (2012), Chile (2014), Espanha (2016), Colômbia (2018).

Em 2020 o Mirada não aconteceu devido à pandemia da Covid 19 e em 2021 foi realizada de forma basicamente digital a Ocupação Mirada 2021.

Nem bem terminado, o Mirada já deve estar se preparando para 2024.


BALANÇO 2022 

Dos 36 espetáculos disponíveis me foi possível assistir a 20, em função da sobreposição de horário de espetáculos (com poucas exceções, cada montagem foi apresentada apenas duas vezes). Como eu já havia assistido em São Paulo a seis dos 36 espetáculos apresentados, restaram dez que não pude ver, entre eles Hamlet (Peru), Vila Parisi (Brasil), Quimera (Equador), Cosmos (Portugal) e Teatro Amazonas (Espanha), sendo que esses dois últimos tenho a oportunidade de assistir na Extensão Mirada que acontece nesta semana em São Paulo.

Fica difícil classificar os espetáculos na ordem de minha preferência, portanto o faço por grupos. 

Espetáculos mais impactantes/conceituais/transgressores:

- CHÃO (Brasil/Argentina)

- FUCK ME (Argentina)

- ORGIA, PASOLINI (Portugal

Espetáculos relevantes pelo seu conteúdo sócio-político:

- ESTREITO (Portugal/Chile)

- DISCURSO DE PROMOCIÓN (Peru)

- CÁRCERE ou PORQUE AS MULHERES VIRAM BÚFALOS (Brasil)

- TIJUANA (México)

Espetáculos relevantes por seu conteúdo social:

- LA MUJER QUE SOY (Argentina)

- CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA (Uruguai)

- HAY QUE TIRAR LAS VACAS POR EL BARRANCO - (Venezuela/Espanha/Brasil)

Espetáculos relevantes por sua delicadeza:

- A CAMINHADA DOS ELEFANTES (Portugal)

- ... I LES IDEES VOLEN (Espanha)

- REMINISCÊNCIA (Chile)

Espetáculos que não atingiram a plenitude dos anteriores, isto no modo de ver deste espectador:

- DRAGÓN (Chile) - Sobre o qual eu tinha imensa expectativa devido à importância do dramaturgo Guillermo Calderón.

- VIAGEM A PORTUGAL (Portugal) - Dramaturgia e concepção cênica confusa, apesar da importância histórica dos temas apresentados.

- LA LUNA EM LA AMAZONAS (Colômbia) - Muita forma para conteúdo confuso e prolixo.

- BAQUESTRIBOIS (Cuba) – Performance agressiva/escatológica com pretensão de denúncia que não se realiza.

- FRONTE[I]RA - FRACAS[S]O (Bolívia/Brasil) – Espetáculo sofreu no dia da estreia por uma má organização do (muito) longo prólogo realizado ao ar livre, provocando um desinteresse da minha parte pela parte mais importante realizada internamente.

- ERASE (Argentina) – O equívoco do Festival em minha modesta opinião. 

Não incluo nesta lista os seis espetáculos que eu já havia visto em São Paulo: anonimato, Festa de Inauguração, Língua Brasileira, O Que Meu Corpo Nu Te Conta?, Tebas e Um Inimigo do Povo. Todos eles dignos de muitos elogios. 

Além dos espetáculos o Mirada teve importantes atividades formativas que incluiu a apresentação da abertura do processo da nova montagem do Teatro da Vertigem (Rodeio) e um ótimo bate papo sobre Ruth Escobar e Sérgio Mamberti com seus biógrafos Alvaro Machado e Sérgio Mamberti, respectivamente.

Um ganho também muito importante deste Mirada foi a troca entre os presentes (atrizes, atores, diretores, dramaturgos, produtores, críticos, assessores de imprensa, espectadores) sobre o fazer teatral na área de convivência e na comedoria do SESC Santos, assim como em cada canto onde o Mirada esteve presente.

VIVA O MIRADA!

VIVA O TEATRO! 

20/09/2022

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