INTRODUÇÃO
De 09 a 18 de setembro de 2022
aconteceu a sexta edição do Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas,
realização bienal do SESC na cidade de Santos, evento mais conhecido com o
significativo nome de Mirada.
O Mirada é um dos mais importantes
festivais brasileiros de teatro e deve muito dessa importância à alta qualidade
dos espetáculos apresentados, vindos de países da América Latina, Portugal e
Espanha.
A curadoria desta edição; creditada ao quarteto
Adriele Duran Silva, Emerson Pirola, Rani Bacil Fuzetto e Tommy Ferrari Della
Pietra, assistentes para artes cênicas do SESC São Paulo; contemplou 36
espetáculos vindos de diversos países: Argentina (3), Bolívia/Brasil (1),
Brasil (10), Brasil/Argentina (1), Chile (2), Colômbia (1), Cuba (1), Equador
(1), Espanha (2), México (1), Peru(2), Portugal (8), Portugal/Chile (1),
Uruguai (1), Venezuela/Espanha/Brasil (1). Pode-se contestar/criticar/gostar
este ou aquele espetáculo, mas é inegável a importância e o nível de
profissionalismo de cada um deles.
Em cada edição um país é homenageado e
tem um numero maior de espetáculos apresentados. Em 2022 foi a vez de Portugal.
Nas edições anteriores os homenageados foram: Argentina (2010), México (2012),
Chile (2014), Espanha (2016), Colômbia (2018).
Em 2020 o Mirada não aconteceu devido
à pandemia da Covid 19 e em 2021 foi realizada de forma basicamente digital a Ocupação
Mirada 2021.
Nem bem terminado, o Mirada já deve estar se preparando para 2024.
BALANÇO 2022
Dos 36 espetáculos disponíveis me foi
possível assistir a 20, em função da sobreposição de horário de espetáculos (com
poucas exceções, cada montagem foi apresentada apenas duas vezes). Como eu já
havia assistido em São Paulo a seis dos 36 espetáculos apresentados, restaram
dez que não pude ver, entre eles Hamlet (Peru), Vila Parisi (Brasil),
Quimera (Equador), Cosmos (Portugal) e Teatro Amazonas (Espanha),
sendo que esses dois últimos tenho a oportunidade de assistir na Extensão
Mirada que acontece nesta semana em São Paulo.
Fica difícil classificar os espetáculos na ordem de minha preferência, portanto o faço por grupos.
Espetáculos mais impactantes/conceituais/transgressores:
- CHÃO (Brasil/Argentina)
- FUCK ME (Argentina)
- ORGIA, PASOLINI (Portugal
Espetáculos relevantes pelo seu conteúdo
sócio-político:
- ESTREITO (Portugal/Chile)
- DISCURSO DE PROMOCIÓN (Peru)
- CÁRCERE ou PORQUE AS MULHERES VIRAM
BÚFALOS (Brasil)
- TIJUANA (México)
Espetáculos relevantes por seu
conteúdo social:
- LA MUJER QUE SOY (Argentina)
- CUANDO PASES SOBRE MI TUMBA
(Uruguai)
- HAY QUE TIRAR LAS VACAS POR EL BARRANCO - (Venezuela/Espanha/Brasil)
Espetáculos relevantes por sua
delicadeza:
- A CAMINHADA DOS ELEFANTES (Portugal)
- ... I LES IDEES VOLEN (Espanha)
- REMINISCÊNCIA (Chile)
Espetáculos que não atingiram a
plenitude dos anteriores, isto no modo de ver deste espectador:
- DRAGÓN (Chile) - Sobre o qual eu
tinha imensa expectativa devido à importância do dramaturgo Guillermo Calderón.
- VIAGEM A PORTUGAL (Portugal) - Dramaturgia
e concepção cênica confusa, apesar da importância histórica dos temas
apresentados.
- LA LUNA EM LA AMAZONAS (Colômbia) - Muita
forma para conteúdo confuso e prolixo.
- BAQUESTRIBOIS (Cuba) – Performance agressiva/escatológica
com pretensão de denúncia que não se realiza.
- FRONTE[I]RA - FRACAS[S]O (Bolívia/Brasil)
– Espetáculo sofreu no dia da estreia por uma má organização do (muito) longo
prólogo realizado ao ar livre, provocando um desinteresse da minha parte pela
parte mais importante realizada internamente.
- ERASE (Argentina) – O equívoco do Festival em minha modesta opinião.
Não incluo nesta lista os seis espetáculos que eu já havia visto em São Paulo: anonimato, Festa de Inauguração, Língua Brasileira, O Que Meu Corpo Nu Te Conta?, Tebas e Um Inimigo do Povo. Todos eles dignos de muitos elogios.
Além dos espetáculos o Mirada
teve importantes atividades formativas que incluiu a apresentação da abertura
do processo da nova montagem do Teatro da Vertigem (Rodeio) e um
ótimo bate papo sobre Ruth Escobar e Sérgio Mamberti com seus biógrafos Alvaro
Machado e Sérgio Mamberti, respectivamente.
Um ganho também muito importante deste Mirada foi a troca entre os presentes (atrizes, atores, diretores, dramaturgos, produtores, críticos, assessores de imprensa, espectadores) sobre o fazer teatral na área de convivência e na comedoria do SESC Santos, assim como em cada canto onde o Mirada esteve presente.
VIVA O MIRADA!
VIVA O TEATRO!
20/09/2022
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