Tenho feito pequenas
matérias sobre os espetáculos assistidos nesta verdadeira maratona chamada
MIRADA, que infelizmente chega ao fim amanhã. Na sexta-feira, dia 16 de
setembro, assisti a três diferentes - e todos ótimos - espetáculos:
- DISCURSO DE
PROMOCIÓN – Peru – O espetáculo do Grupo Cultural Yuyachkani transita sobre
as heranças culturais do país por meio de uma festa organizada por elementos de
uma escola onde não faltam os números musicais (realizados no hall de entrada
do espaço) e as cenas, ilustradas com adereços simples confeccionados de forma
artesanal, mas muito significativos e ilustrativos das tramas em que aparecem.
O preconceito com as mulheres e o abuso sofrido por elas, as ditaduras latino
americanas e muitos dos problemas que afetam o lado de baixo da América,
conhecido como terceiro mundo, onde estão presentes tanto o Peru como o Brasil,
são alguns dos temas tratados com seriedade e certa irreverência e é por essa
razão que o espetáculo atingiu em cheio o grande público presente no espaço
Herval 33 na tarde de sexta-feira. O grande elenco é formado por pessoas de
várias idades e todos desempenham com muita garra e vitalidade. A encenação
termina com um emocionante cortejo em torno de todos os adereços usados durante
a peça, onde se celebra a paz e o amor.
MUY LINDO!!!
- FUCK ME –
Argentina – Há a seguinte frase inscrita em um tapete da peça mexicana Tijuana:
“La verdade también se inventa” e isto poderia se aplicar perfeitamente
a este belíssimo trabalho da coreógrafa e dançarina Marina Otero. Muito
debilitada por lesões ocasionadas por suas atividades na dança e passando por lenta
recuperação após uma cirurgia recente, Marina comenta sua trajetória
ilustrando-a com coreografias interpretadas magnificamente por cinco Pablos
nus. Por suas condições físicas ela está impedida de dançar, no entanto após o
término do espetáculo e os aplausos, a dançarina rodopia infinitamente pelo
palco.
Verdade, onde está a verdade?
- CUANDO PASES
SOBRE MI TUMBA – Uruguai – E Sergio Blanco volta a morrer neste seu mais
recente trabalho!
O criativo dramaturgo
franco-uruguaio mais uma vez é a personagem de uma de suas incursões na auto
ficção; desta vez ele programa sua morte por meio de suicídio assistido em uma
clínica em Genebra para que em seguida seu corpo seja trasladado para Londres
onde deverá ser devorado por um belo necrófilo internado em hospital
psiquiátrico na capital inglesa. Os diálogos ágeis e inteligentes são ditos por
atores que interpretam a si mesmos e ao doutor da clínica (Gustavo Saffores),
ao necrófilo (Felipe Ipar) e, é claro, ao próprio Sergio Blanco (Sebastián
Serantes, excelente).
Todo o elenco morreu
em 2022.
Mais uma vez, a
verdade também se inventa!
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