Qual
a reação de uma pessoa engajada e militante, defensora dos direitos dos sem
teto e dos menos favorecidos, quando um morador de rua fixar moradia na porta
de sua casa, ou se uma favela se instalar no quarteirão de seu prédio ou
condomínio situado em bairro classe média? Essa parece ser a reflexão proposta
aos espectadores da peça Nimby,
apresentada pelo grupo chileno Colectivo
Zoológico em conjunto com o alemão Theater
Orchester Heidelberg no Festival
Mirada.
Os
encenadores Nicolás Espinoza e Laurént Lamaitre nos contam, por meio da
dramaturgia de Juan Pablo Troncoso, o que sucede quando há a proposta da
construção de um conjunto de moradias populares nas proximidades de uma
comunidade ecológica que, a princípio é defensora dos direitos dos mais fracos.
Em auxílio à defesa de seus próprios direitos o grupo pede ajuda a uma entidade
alemã ficando clara a união entre colonizador e colonizado. Dentre os
colonizados há ainda a presença da diferença de classes representada pelos
moradores e pelo empregado Germán que será figura chave para o desenlace da
trama. O elenco formado por chilenos e alemães é bastante bom e homogêneo,
apesar de suas personagens não serem tão bem delineadas.
Há
um início de interatividade com o público, colocando-o como parte de uma
assembleia que irá discutir como fazer a exclusão dos ditos “invasores”, mas a
direção não ousa em aprofundar esse envolvimento, o que é uma pena.
A
conclusão que se chega ao analisar o nosso entorno é que a realidade tem força
dramática muito mais potente do que aquela apresentada pelo grupo chileno.
O
diretor Nicolás Espinoza participou da primeira atividade formativa do Festival
ocorrida no dia 07/09/2018 junto com o dramaturgo Gustavo Colombini (Colônia) e o encenador Pedro Kosowski (Cara de Cavalo, Caranguejo Overdrive e
Guanabara Canibal) cujo tema foi
“Respostas ao Colonialismo”. O debate foi mediado por Sérgio Luís de Oliveira.
08/09/2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário