Ultimamente
o Brasil não tem tido nada a comemorar. A abertura da 6ª MITsp se deu no dia em
que relembramos o bárbaro assassinato político de Marielle Franco e de seu
motorista no dia 14 de março de 2018 e ainda choramos o massacre de Suzano
ocorrido no dia anterior. Esses fatos não foram olvidados por quase todos que
fizeram uso da palavra. Na fala de Guilherme Marques - diretor geral de
produção do evento - antecedida por palavras emocionadas de Wagner Schwartz,
não faltou a denúncia aos dias tortuosos que temos vivido com a perseguição à
cultura e às minorias e o incentivo à violência provenientes dos endiabrados
que estão no poder. Seguiram-se as falas de Eduardo Saron do Itaú e do
incansável Danilo Santos de Miranda do SESC. Depois foi a vez do poder público
com a presença dos secretários de cultura estadual (que ouviu um “Fora, Doria”
ao final de sua fala) e municipal, tendo este último dado a boa notícia que no
dia seguinte assinaria o destravamento do Programa Municipal de Fomento ao
Teatro. Sintomaticamente não houve representação da esfera federal!
Guilherme Marques e Wagner Schwartz
Danilo Santos de Miranda e Wagner Schwartz
A
apresentação de A Repetição. História(s)
do Teatro (I) não foi menos impactante. A partir da recriação de um crime
homofóbico acontecido na cidade belga de Liège em 2012, Milo Rau apresenta
vigoroso painel da violência que grassa nos dias de hoje em todo o mundo usando
recursos de metateatro (a seleção do elenco, no início do espetáculo, é
poderosa e até engraçada), de teatro documentário e fazendo criativo uso de
recursos cinematográficos. A maneira como é representada a cena do espancamento
no carro e do posterior assassinato é de tirar o fôlego, sem, porém, nos privar
da reflexão sobre o que levaram aqueles jovens a cometerem o crime (algo que
nos faz relacionar a peça com o massacre de Suzano).
Noite
intensa que teve seu respiro com o coquetel à base do vinho português Casal
Garcia servido ao final.
E
esse foi só o início da MITsp 2019 que promete ainda muitas emoções e reflexões
para nossos corações e mentes.
15/03/2019
Reflexões nos libertam. Obrigada pelo convite e pela companhia.
ResponderExcluirOs seus artigos são tão bem escritos, que mesmo não estando presente nos eventos descritos por você, consigo me sentir ao seu lado em tudo que você compartilha com a gente. Vida longa ao (agora nosso!!!) blog PALCO PAULISTANO.
ResponderExcluirMuita gentileza sua, Alexandre Meirelles. obrigado.
ResponderExcluirEu concordo com você Alexandre Meirelles. Recebo mensalmente do amigo Cetra, um pacote contendo programas das peças que ele assistiu, somando ao que comenta no seu blog, tenho a sensação de estar acompanhando o espetáculo. De tanto ver e folhear os programas, muitas vezes os seus comentários no blog sobre a peça acaba batendo com a minha impressão, incrível, obrigada mesmo pelo trabalho.
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