Nanna
de Castro não é autora constante em nossos palcos, o que só se pode lamentar,
pois suas incursões dramatúrgicas já resultaram em notáveis espetáculos como o
infantil Vô Doidim e os Velhos Batutas (1999), o exercício de
metateatro A Bala na Agulha (2013) e,
principalmente, o excepcional Novelo
que Zé Henrique de Paula encenou em 2010 e que merecia nova temporada, algo que
constantemente “cobro” do ator Flavio Baiocchi que participou da montagem
original.
Com
Duosolo Nanna volta a usar os recursos
de metateatro, desta vez de forma mais radical colocando em cena dois atores
que ensaiam peça sobre o dia a dia de uma empresa que acabou de demitir grande
quantidade de funcionários. Os personagens são os diretores da empresa e uma
funcionária que serve café.
Os
atores Gustavo Haddad e Bruna Magnes revezam-se nos papeis dos atores, dos
personagens e do narrador. Em off
ouve-se a voz do diretor (Dan Rosseto, o próprio diretor da peça) que junto com
o narrador interfere no ensaio para evitar que os personagens se desviem do
texto original. Parece complicado, mas em cena a situação é bem interessante.
Usando
poucos elementos cenográficos e de trilha sonora, Dan Rosseto realiza, no meu
modo dever, sua direção mais madura. A iluminação (Herick Almeida), a
movimentação cênica e a interpretação dos dois atores são os pilares que
sustentam este belo espetáculo. Gustavo Haddad, depois de alguns trabalhos
menos interessantes, volta a dar provas do seu talento e Bruna Magnes que, ao
que entendi, faz sua estreia profissional em São Paulo, é uma bem vinda
surpresa.
DUOSOLO
está em cartaz no Teatro Eva Herz às terças e quartas às 21h, até 24/04.
16/03/2019
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