domingo, 24 de março de 2019

GRANDES MOMENTOS DA MITsp 2019



        Hoje termina a 6ª Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, prova de resistência mais uma vez vencida pelos guerreiros Antonio Araújo e Guilherme Marques.
        Por questão de agenda só pude acompanhar os espetáculos internacionais da Mostra de Espetáculos e mesmo nesse eixo deixei de assistir a Partir com Beleza (França) e a Paisagens Para Não Colorir (Chile), este último muito elogiado por todos que o viram.
        Da decepção com o semi amador O Alicerce das Vertigens (Congo/França), passando pelo tédio provocado por três excelentes atores com sua variação ad infinitum sobre um único tema em Mágica de Verdade (Inglaterra), chegamos àqueles que considero os grandes momentos da mostra.
        Os três espetáculos de Milo Rau todos tendo uma criativa vertente do teatro documentário como base foram excelentes: A Repetição (Bélgica), o mais significativo, já foi alvo de matéria neste blog; Cinco Peças Fáceis (Bélgica) segue o mesmo esquema de metateatro (apresentação dos atores), de uso de recursos cinematográficos (a mesma cena acontecendo na tela e no palco) e de apresentação dos créditos em telão e trata de maneira tocante, principalmente nas peças 3 (relato da menina sequestrada) e 4 (relato do pai de uma menina assassinada) do tema da pedofilia; Compaixão, a História da Metralhadora (Bélgica/Alemanha) trata de maneira interessante a relação colonizador/colonizado com duas excelentes atrizes, mas excede na verborragia no interminável monólogo da atriz branca.
        Democracia (Brasil/Chile) também já foi tratada neste blog, mas reforço aqui o resultado muito teatral a partir de texto, a princípio totalmente antidramático, do escritor Alejandro Zambra e a presença da grande atriz Trinidad González no ótimo elenco.
        E por último o soco no estômago da MITsp 2019: o solo da atriz Silvia Calderoni em MDLSX (Itália). Usando seu corpo como protagonista; dançando; falando; manipulando objetos, figurinos e câmera e denunciando o que o mundo chama de normalidade Silvia Calderoni faz uma das mais importantes denúncias contra o preconceito e a ideologia de gênero. Como seria bom esfregar esse espetáculo na cara da Dona Damares Alves! Corajosa na exposição do seu corpo e dos problemas que enfrentou na vida, Calderoni fecha com chave de ouro a ala internacional da MITsp.
        Não posso deixar de citar o único espetáculo nacional a que assisti: A Boba de Wagner Schwartz que foi da expectativa e curiosidade pela consistência da proposta até a grande decepção pelo vazio do resultado.
        A MITsp foi muito além dessa minha visão parcial e restrita com as outras estreias nacionais, a importante MITbr que apresenta espetáculos nacionais para programadores estrangeiros, olhares críticos e ações pedagógicas.


        Parabéns e obrigado Tó e Guilherme!!
        E que venha a MITsp 2020!


        O TEATRO NOS UNE,
        O TEATRO NOS FAZ FORTES,
        VIVA O TEATRO!

        24/03/2019
       


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