Ao
iniciar a peça se apresentando de maneira muito simpática e informal Anderson
Moreira Sales já obtém a adesão do público para que este trilhe junto com ele
um dia na vida de Leopoldo/Esteves/Aki. O primeiro nome dado ao personagem é
uma clara referência ao Leopold Bloom do livro Ulisses de James Joyce que serviu de inspiração para o jovem dramaturgo/diretor/ator.
Baseado
numa bem vinda oralidade dos contadores de histórias Anderson inicia sua
narrativa preparando tanto a massa de um pão de queijo que será servido ao fim
da peça como os ouvidos do público para o que vem depois.
Ele
mesmo diz que a narrativa é fragmentada e há algumas cenas que nem chegam ao
final, mas isso não importa, pois Anderson sabe conduzir a história do que se
passa em um dia de vida de um homem qualquer, um anti-herói que é testemunha
passiva de agressão a um travesti, sonha em ter grande amor e almeja ser
dançarino em uma companhia liderada por uma ensaiadora que se assemelha a uma
bruxa.
O
espetáculo é dinâmico servindo-se do talento e da criativa movimentação cênica
de Anderson; da iluminação de Ricardo Vivian que reforça aspectos da trama; do
cenário simples, mas eficiente de Vivian e de Anderson e da trilha sonora de
Kevin Brezolin. Recursos que se somam para resultar em harmonioso e belo
espetáculo.
A
situação econômico-política do Brasil da qual o ator comenta no início que não
irá falar, permeia todo o espetáculo mostrando a preocupação de Anderson com a
triste realidade que os brasileiros estão vivendo.
57 Minutos-o tempo que dura esta peça
dura mais que 57 minutos!!! Mas ninguém se incomoda com um adicional de dez
minutos porque o espetáculo é muito agradável ao mesmo tempo em que nos faz
refletir sobre a violência e os tempos de ódio que estamos vivendo.
Bem
vindo a São Paulo, Anderson Moreira Sales!
57
MINUTOS-O TEMPO QUE DURA ESTA PEÇA está em cartaz no Espaço Parlapatões As
terças e quartas às 21h até 10 de julho.
13/06/2019
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