domingo, 29 de setembro de 2019

BRIAN OU BRENDA



        Raças, gêneros e os tipos físicos mais variados compõem o elenco da peça Brian ou Brenda e essa diversidade não foi uma escolha ao acaso dos diretores Yara de Novaes e Carlos Gradim, uma vez que ela atesta a proposta da encenação.
        Ao que consta no programa o autor Franz Kepler fez uma grande pesquisa em torno do caso da família Reimer ocorrido na década de 1960 no Canadá, onde um dos gêmeos nascidos saudavelmente teve o pênis destruído numa cirurgia de circuncisão. Por sugestão médica a família concordou que o menino sofresse cirurgia para mudança de sexo “transformando-se” de Brian em Brenda. Um corpo de Brenda com espírito de Brian foi o tormento desse ser durante toda sua vida terminada tragicamente em 2004. Baseado nesses fatos reais Kepler escreveu texto dramaturgicamente ágil com elementos da trama que vão se esclarecendo aos poucos e que não devem ser comentados sob pena de tirar a surpresa do espectador.
        Com esse texto em mãos e o elenco citado acima os encenadores criaram espetáculo extremamente ágil e criativo onde todo elenco interpreta todas as personagens da história no melhor estilo coringa. Para facilitar o entendimento do espectador e também para criar clima propício para o desenvolvimento das personagens, os atores usam etiquetas com o nome das pessoas que estão vivendo naquele momento. Uma simples arquibancada com espaço frontal foi o cenário idealizado por André Cortez para o desenvolvimento da peça; para tanto contou também com a sempre criativa luz desenhada por Aline Santini que em certos momentos “encara” o espectador, colocando-o na berlinda. A trilha sonora de Dr Morris completa o clima exigido pela encenação, assim como os criativos figurinos de Cassio Brasil que ressaltam a importância da identidade de gênero.
        Lavínia Pannunzio, Augusto Madeira e Daniel Tavares, donos de raro domínio de palco, têm intervenções excelentes quaisquer que sejam as personagens que estejam fazendo e são muito bem acompanhados por todo o resto do elenco formado pelos surpreendentes Giovanni Venturini, Jimmy Wong, Kay Sara, Marcella Maia e Paulo Campos.        
        A intervenção da atriz Marcella Maia ao final do espetáculo coroa de forma exemplar tudo o que foi mostrado até então e é com o coração apertado de emoção e de indignação que o público deixa a sala de espetáculos.

        BRIAN OU BRENDA está em cartaz no Centro Cultural São Paulo às sextas e sábados às 21h e domingos às 20h até 20/10. NÃO DEIXE DE VER... Principalmente se tiver filhos pequenos!!


        28/09/2019

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