Assisti
ontem a Chernobyl, mais um soco no
estômago como aqueles provocados quando estamos diante de uma obra que trata de
imensa tragédia humana.
Na
última sexta feira assisti a uma peça-conferência do uruguaio Sergio Blanco
onde ele comenta sobre a celebração da violência e sobre certo fascínio mórbido
com que olhamos as barbaridades ocorridas à nossa volta, quer sejam produzidas por
acidentes naturais, quer sejam realizadas pelo homem.
Essas
obras me fizeram refletir sobre o misto de compaixão/revolta/piedade/indignação
e porque não? fascínio, com que olhamos para os prisioneiros de Auschwitz,
para as vítimas do ataque de Hiroshima, para o menino sírio morto na praia de Bodrum
na Turquia, para a condição sub humana em que vivem os moradores de rua e para tantas
outras barbaridades, a maior parte delas, provocadas pelo assim chamado homo sapiens!
Foi
com esse espírito e com forte mal estar provocado por uma gripe que assisti ao pungente
espetáculo dirigido com mão de mestre por Bruno Perillo tendo quatro excelentes
atrizes no elenco.
O texto da francesa Florence Valéro narra os
terríveis fatos ocorridos em 1986 na Ucrânia com a explosão da usina nuclear de
Chernobyl contando a história pelos olhos de uma boneca que a tudo presenciou
sem poder fazer absolutamente nada. E aqueles dotados de vida o que puderam
fazer? Nada também!
Com
o uso de sugestivas imagens e até com pitadas de humor, a encenação de Perillo procura
amenizar, sem deixar de denunciar, essa imensa tragédia, para tanto se mune dos
sugestivos figurinos cinzentos criados por Chris Aizner, assim como do cenário
também de Aizner, composto por caixotes que circulam pelo espaço adquirindo
diversas funções. A iluminação e o vídeo de Grissel Pinguillem completam o
ambiente necessário para o espetáculo.
Quatro
grandes atrizes se revezam nas diversas personagens/narradoras propostas pela
autora. Excelentes quando atuam em conjunto, Carolina Haddad, Joana Dória,
Manuela Afonso e Nicole Cordery brilham ainda mais em seus solos/depoimentos.
Chernobyl é espetáculo necessário para
refletirmos sobre os desmandos a que estamos sujeitos. Não podemos esquecer que
temos uma Angra 3 à espreita!
Vou
rever o espetáculo em momento melhor de saúde e talvez mude meu ponto de vista
e volte a escrever sobre ele.
CHERNOBYL
está em cartaz no SESC Consolação às segundas e terças às 20h até 22/10. NÃO
DEIXE DE VER.
10/09/2019
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