O livro de Márcio
Borges Os Sonhos Não Envelhecem – Histórias do Clube da Esquina
no qual se inspira o espetáculo é um documento apaixonado e emocionante daquele
grupo de amigos mineiros que nos anos sessenta e setenta mudaram nossa música e
viveram os anos turbulentos da ditadura brasileira.
O jovem elenco
bravamente liderado por Tiago Barbosa interpreta e canta muito bem, os músicos
e a direção musical são excelentes, as músicas, não é preciso dizer, são obras
seminais da nossa música. Com todas essas qualidades qual a razão de Clube
da Esquina não se realizar completamente?
A meu ver os
principais problemas são:
- A dramaturgia
confusa e prolixa realizada a partir do livro por Fernanda Brandalise.
- A cenografia de
Keller Veiga que abusa da subida e descida de painéis, a maioria deles
desnecessária para ilustrar as ações.
- A escolha
equivocada da inclusão de algumas músicas no desenvolvimento da trama, ora por demais óbvias (caso de Beijo Partido cantada lindamente por
Eline Porto na cena em que Duca anuncia a separação a Márcio Borges), ora fora
do contexto (caso de Nas Asas da Panair e Maria, Maria).
- A direção de
movimento que faz o elenco correr de lá pra cá no palco sem a menor harmonia.
- E finalmente, a
direção pouco inspirada de Dennis Carvalho, que já havia realizado um brilhante
trabalho em Elis, o Musical e que não se repete aqui.
Mesmo com esses
problemas trata-se de um espetáculo bastante simpático, agradável e importante de
se assistir por seu valor histórico, pelas belíssimas músicas muito bem
interpretadas tanto pelo elenco como pelos músicos e por ser uma louvação à
amizade e à liberdade.
Tiago Barbosa, apesar
de seu corpo exuberante e musculoso, incorpora a fragilidade de Milton Nascimento de forma
brilhante, mostrando com perfeição a timidez e os gestos contidos do nosso
querido patrimônio chamado Bituca. Mesmo sem ter a voz divina de Milton, Tiago
interpreta as canções muito bem, adequando sua bela voz àquela do original.
Do talentoso elenco
cabe destacar a presença luminosa de Cadu Libonati como o jovem e irrequieto Lô
Borges, Leo Bahia como o bonachão Marilton Borges, Tom Karabachian como o
simpático e suave Beto Guedes (esse trio é responsável por um dos momentos musicais mais bonitos da peça, quando cantam Clube da Esquina sentados no sofá da casa dos Borges), Marya Bravo ótima como a matriarca Maricota
Borges que sempre promoveu a amizade dos Borges com os outros músicos mineiros
e Rômulo Weber que defende com garra o segundo papel mais importante da trama,
Márcio Borges. É uma pena que Elá Marinho que interpreta Elis, o faça de forma tão
caricatural destoando bastante da atuação do restante do elenco.
A foto acima foi tirada na coletiva de imprensa que aconteceu no final da tarde do dia da estreia. Os depoimentos do elenco relatando o contato que teve com os artistas a quem interpreta foram muito ricos e poderiam fazer parte de um tipo de prólogo do espetáculo.
Mais uma vez, palmas
para os excelentes músicos Cassiel Moraes, Elisio Freitas, Estevan Barbosa,
João Moreira, Leonardo Dias e Lucca Noacco.
NÃO DEIXE DE SE
EMOCIONAR E DE CANTAR JUNTO COM ESSE DELICIOSO GRUPO:
“O QUE IMPORTA É OUVIR, A VOZ QUE VEM DO CORAÇÃO”
Clube da Esquina está em cartaz no amplo e confortável Teatro Liberdade situado na Rua São Joaquim, 129 no espaço onde funcionou o Cine Tokyo, especializado na exibição de filmes japoneses. Posteriormente recebeu o nome de Cine Álamo, depois foi igreja evangélica e agora, totalmente reformado, está apto a receber grandes produções teatrais.
Sessões às quintas e
sextas às 21h, sábados às 16h e 21h e domingos às 19h.
Temporada até dezembro.
30/10/2022
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