A
muito bem sucedida Mostra de Dramaturgia
em Pequenos Formatos Cênicos do CCSP
que já nos deu as ótimas e premiadas Mantenha
Fora do Alcance do Bebê (2015) de Silvia Gomez e Os Arqueólogos (2016) de Vinicius Calderoni, iniciou as
apresentações das peças escolhidas para esta terceira edição (2017) com Boi Ronceiro – Uma Fábula de Horror de
Ricardo Inhan.
O
bom serviço extra prestado pelo evento de fornecer o texto da peça, desta vez
teve função extra (eu o li no dia seguinte) para me mostrar que o texto é muito
bom e a má impressão causada durante a apresentação deve-se à equivocada
encenação que na tentativa de ilustrá-lo, o tornou incompreensível e tedioso.
Aqui se trata de opinião puramente pessoal,
mas a diretora Mariana Vaz, ou por não acreditar na riqueza no texto ou por
querer demonstrar ousadia e criatividade introduziu muitos efeitos na cena
criando um espetáculo indigesto com os atores carregando cercas (há “cerca”de 50
“cercas” no palco!) de um lado para o outro durante toda a ação, perdidos com
tanta movimentação e dizendo o texto pelos cantos do palco e muitas vezes de
costas para o público. Pouco há o que dizer sobre os três bons atores que têm
de se preocupar mais com a movimentação das cercas do que com o que o seu
personagem tem a dizer. Trilha sonora exagerada e iluminação pirotécnica reforçam
a poluição cênica.
Em
outro contexto, o organizador da Mostra, Kil Abreu escreveu belo texto
publicado no Facebook em 10/06/2017 sobre a relação texto/encenação. Tomo a
liberdade de usar as palavras finais desse texto que, para mim, cabem neste
caso:
O teatro vai olhar de lado e dizer: "não,
obrigado". E as plateias também.
O
objetivo da Mostra de escolher bons textos permanece, apesar desta malograda
encenação. Espera-se que Ricardo Inhan tenha mais sorte numa próxima montagem
deste seu complexo e belo texto.
BOI
RONCEIRO está em cartaz no Centro Cultural São Paulo às sextas e sábados às 21h
e domingos às 20h até 02/07.
11/06/2017
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