A
companhia Teatro Brasileiro de Comédia (TBC)
fundada pelo empresário italiano Franco Zampari (1898-1966) em 1948, depois de
invejável trajetória artística, enfrentou graves problemas administrativos e
financeiros tendo morte melancólica em 1964 com o fracasso comercial de Vereda da Salvação, sob a direção de Antunes Filho. Escrever sobre a importância
e a influência que essa companhia, seus atores, diretores e equipes técnicas
tiveram para o teatro brasileiro seria mera repetição do que atestam muitos
livros e trabalhos acadêmicos sobre o assunto. Basta lembrar que em seus 17
anos de existência passaram pela sala do prédio da Rua Major Diogo 96 títulos
produzidos pela companhia, dando média de cinco e meia produções por ano (só em
1950 16 títulos ocuparam os cartazes do teatro, todos eles com produções
caprichadas).
O
que restou daquele TBC, além da já mencionada herança artística? Um prédio
abandonado já há alguns anos que passou por várias mãos e hoje espera a tão
merecida restauração e volta à ativa. Para
relembrar a importância do TBC e para chamar a atenção para a recuperação do
prédio a Associação Amigos do Teatro Brasileiro de Comédia e do Teatro Brasileiro
(ATBC) organizou homenagem na Biblioteca
Mário de Andrade com a leitura cênica de duas peças que foram marcantes na
trajetória da companhia: Volpone (1955)
e A Semente (1961).
Cabe
lembrar que a Associação Paulista de
Críticos de Arte (APCA) concedeu
em 2018 o prêmio especial 70 anos da
fundação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em memória de Franco Zampari,
destacando no prêmio a merecida homenagem ao muitas vezes injustiçado fundador
da companhia.
Nesta
homenagem a peça Volpone de Ben Jonson
teve dinâmica direção de Johana Albuquerque (a direção de 1955 foi de
Ziembinski), tendo Daniel Alvim e Luciano Gatti nos papeis que foram,
respectivamente, de Ziembinski e Walmor Chagas. A diretora contornou as
dificuldades da leitura de texto muito longo e verborrágico com a indumentária,
o visagismo e, principalmente, a movimentação do elenco. Cabe destacar a
deliciosa composição que Luciano Gatti deu ao seu personagem Mosca.
A Semente, peça emblemática de
Gianfrancesco Guarnieri, teve encenação antológica de Flávio Rangel em 1961. Apesar
de sua importância, a peça nunca mais foi montada e esta recriação cênica de
Cibele Forjaz reveste-se da maior importância. Utilizando-se de imagens de
filmes a diretora criou ambiente propício para a ação da peça, auxiliada pelo
excelente elenco liderado por Denise Fraga (Rosa) e Celso Frateschi (Agileu)
compondo as personagens criadas em 1961 por Cleyde Yáconis e Leonardo Vilar.
Foi particularmente bonito presenciar a diretora (só pequena no tamanho)
correndo pelos corredores da Biblioteca como uma maestrina, orientando entradas
e saídas do elenco e orquestrando harmoniosamente a encenação. Ah! A magia do
teatro!
Dessa
maneira o aniversário dos 70 anos do prédio que abrigou uma das mais emblemáticas
companhias teatrais do país não passa em branco e que toda essa movimentação
sirva para sensibilizar as autoridades da importância daquele espaço cultural para
que ele volte a ter seus dias de glória para o bem da nossa tão negligenciada cultura.
AMÉM.
VIVA
O TEATRO BRASILEIRO!
26/01/2019
Obrigado pela presença e pelo registro, tão importante para a ATBC e para a vida teatral brasileira. Abraços!
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