quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

BABILÔNIA SEM FRONTEIRAS (BABYLON BEYOND BORDERS)




MAIS UMA DO PEDRO GRANATO

       A estrela principal deste fascinante projeto é a tecnologia, mas em momento algum ela deixa de servir o verdadeiro objetivo que é o compromisso social e o humanismo. Os recursos tecnológicos dão forma ao espetáculo permitindo a apresentação de quatro trabalhos realizados simultaneamente em quatro partes do mundo, mas seus realizadores jamais se esquecem do conteúdo.
       As imagens projetadas antes do início mostram as plateias dos quatro teatros onde vão acontecer os trabalhos: Bush Theatre em Londres, Harlem Stage em Nova Iorque, Market Theatre em Joanesburgo e nós no Teatro Anchieta em São Paulo. A seguir tem início o espetáculo com cenas interligadas: uma ao vivo e as outras três com as imagens projetadas no telão. Tudo acontece de forma harmoniosa e foram poucas as compreensíveis falhas de ocorridas no dia da estreia, falhas essas que já devem ter sido corrigidas.
       A iniciativa do nosso Pedro Granato do Pequeno Ato junto com Mwenya Kabwe (África do Sul), Ruthie Osterman (Reino Unido) e Sarah Elisabeth Charles (Estados Unidos) é digna de louvor tanto no aspecto experimental/tecnológico como na abordagem de temas tão importantes nos dias de hoje como situação de imigrantes/exilados, fundamentalismo, governos autoritários e ascensão assustadora do conservadorismo no mundo todo.


       A apresentação brasileira conta com a participação da multi artista Karina Buhr que tem forte presença cênica e do congolês Gloire Ilonde, radicado no Brasil desde 2011 e com muitas histórias para contar sobre seu exílio. Ao longo do espetáculo eles erguem um muro, símbolo funesto das fronteiras que dividem nosso planeta, que eu esperava que fosse derrubado ao final. Segundo o diretor essa era também sua vontade e só não acontece por problemas técnicos.
       São apenas cinco apresentações de 12 a 16 de fevereiro, sendo que duas já aconteceram no momento em que redijo estas linhas, portanto, você que aprecia e/ou faz e/ou estuda as artes cênicas não pode perder este evento que acontece no Teatro Anchieta, sempre às 17h somente até o próximo sábado.
       De que vale a tecnologia se ela não for veículo para valorizar o ser humano?

       14/02/2019
        

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