MAIS UMA DO PEDRO GRANATO
A
estrela principal deste fascinante projeto é a tecnologia, mas em momento algum
ela deixa de servir o verdadeiro objetivo que é o compromisso social e o
humanismo. Os recursos tecnológicos dão forma ao espetáculo permitindo a
apresentação de quatro trabalhos realizados simultaneamente em quatro partes do
mundo, mas seus realizadores jamais se esquecem do conteúdo.
As
imagens projetadas antes do início mostram as plateias dos quatro teatros onde
vão acontecer os trabalhos: Bush Theatre
em Londres, Harlem Stage em Nova
Iorque, Market Theatre em Joanesburgo
e nós no Teatro Anchieta em São Paulo.
A seguir tem início o espetáculo com cenas interligadas: uma ao vivo e as
outras três com as imagens projetadas no telão. Tudo acontece de forma
harmoniosa e foram poucas as compreensíveis falhas de ocorridas no dia da
estreia, falhas essas que já devem ter sido corrigidas.
A
iniciativa do nosso Pedro Granato do Pequeno
Ato junto com Mwenya Kabwe (África do Sul), Ruthie Osterman (Reino Unido) e
Sarah Elisabeth Charles (Estados Unidos) é digna de louvor tanto no aspecto
experimental/tecnológico como na abordagem de temas tão importantes nos dias de
hoje como situação de imigrantes/exilados, fundamentalismo, governos autoritários e ascensão
assustadora do conservadorismo no mundo todo.
A
apresentação brasileira conta com a participação da multi artista Karina Buhr
que tem forte presença cênica e do congolês Gloire Ilonde, radicado no Brasil
desde 2011 e com muitas histórias para contar sobre seu exílio. Ao longo do
espetáculo eles erguem um muro, símbolo funesto das fronteiras que dividem
nosso planeta, que eu esperava que fosse derrubado ao final. Segundo o diretor essa
era também sua vontade e só não acontece por problemas técnicos.
São
apenas cinco apresentações de 12 a 16 de fevereiro, sendo que duas já
aconteceram no momento em que redijo estas linhas, portanto, você que aprecia
e/ou faz e/ou estuda as artes cênicas não pode perder este evento que acontece
no Teatro Anchieta, sempre às 17h somente até o próximo sábado.
De que vale a tecnologia se ela não for veículo para valorizar o ser humano?
14/02/2019
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