Maurício Santana em cena de NOITE - Foto de Arô Ribeiro
Cada
vez estou mais convencido que o teatro é o templo da utopia e da esperança e
onde nossas palavras ainda têm mais poder que a “deles”. Seja com um trabalho
de denúncia explícita como Utopia da
Memória do grupo Estudo de Cena
ou com a delicadeza de Noite do Grupo Sobrevento, o teatro nos tira do
chão, nos surpreende, nos faz refletir e acreditar que um dia chegaremos lá.
Utopia
da Memória está em cartaz no emblemático Engenho Teatral dos
guerreiros Luiz Carlos Moreira e Iraci Tomiatto e faz denúncias profundas sobre
a calamidade em que se encontra o Brasil, usando a lembrança de fatos terríveis
ocorridos no país como documento; entre eles a perseguição ao grupo de Lampião,
Canudos, Belo Monte, Mariana, Brumadinho e o discurso do atual presidente. Os
objetos e fotos usados em cena ficam expostos para visitação ao final do
espetáculo.
Já
Noite,
dando sequência às pesquisas do Sobrevento
com Teatro de Objetos, se volta para as memórias afetivas de vizinhos da sede
do grupo no Brás, lembranças essas reavivadas por objetos que lhe são caros. Pode
ser um vestido, um duende de epóxi e até mesmo um paninho que não existe mais,
mas é o elo de um homem com seu passado. O recolhimento dessas memórias ocorreu
das mais diversas formas, sendo que a atriz/diretora Sandra Vargas chegou a
instalar uma banca na feira do bairro com uma plaquinha que dizia algo parecido
com “recolhe-se lembranças”. Os depoimentos não foram gravados para que não
perdessem a espontaneidade, mas anotados e depois tratados dramaturgicamente
pelo grupo.
No
espetáculo tudo se passa na memória de um homem cego (Luiz André Cherubini) que
vai relembrando figuras que vão aparecendo em nichos e contam suas histórias.
Na frente desse painel de nichos há uma plataforma de terra que só é usada ao
final, quando uma projeção revela uma igreja no painel. A tecnologia
(projeções, iluminação) é usada com muita parcimônia no espetáculo para não
interferir na delicadeza e na singeleza do mesmo.
Espetáculos
tão distintos entre si, mas que de alguma maneira dialogam e se complementam,
pois acreditam no ser humano, apesar dele sempre dar provas do contrário.
UTOPIA
DA MEMÓRIA está em cartaz apenas por mais um fim de semana no Engenho Teatral.
Sábado (19h) e domingo (16h e 19h). Gratuito.
NOITE
está em cartaz no espaço Sobrevento até 24 de março. Sexta e sábado (20h30) e
domingo (18h). Gratuito.
Dois
excelentes espetáculos GRATUITOS. Não vai quem não quer!
18/02/2019
O espetáculo "Utopia da Memória" segue agora em cartaz na Oficina Cultural Oswald de Andrade.
ResponderExcluir29/3 a 27/4 - quintas e sextas-feiras às 20h e sábados às 18h.
ResponderExcluir(dia 19, feriado, sessão às 18h)
(dias 11, 12 e 13/4 - não haverá apresentações do espetáculo).