O importante é que a nossa emoção sobreviva
(Mordaça – Eduardo Gudin/Paulo César Pinheiro)
1. INTRODUÇÃO
Apertar o botão 7 do elevador do SESC
Consolação já mexeu comigo. Ao adentrar o espaço do CPT senti um
misto de tristeza, de saudade (principalmente ao olhar para a porta fechada da
sala onde Antunes Filho ficava), mas também de alegria e, principalmente, de
expectativa em relação às novidades que estavam por vir. Emoções são sempre bem
vindas.
Mais sensações ao passar pelo corredor
onde ainda brilham fotos e cartazes de espetáculos dirigidos por Antunes até
chegar ao espaço da apresentação; ao olhar para atrás da arquibancada procurei o
Deus Shiva que ficava sobre uma mesa, mas Ele não estava mais lá. Finalmente me
sentei diante do espaço cênico, onde me vieram à lembrança os inúmeros
trabalhos a que assisti no CPT.
Ah, Antunes! Depois de A Megera Domada em 1965, assisti a todas as montagens dirigidas por ele até a derradeira em 2018 (Eu Estava Em Minha Casa e Esperava Que a Chuva Chegasse), passando pela obra prima absoluta Paraíso Zona Norte (1989), a qual assisti seis vezes e, é claro, pelos dez Prêt-á–Porter, definidos no programa da época como “cenas de naturalismo criadas e desenvolvidas pelos atores e coordenadas por Antunes Filho”.
A ligação com o CPT deve-se
também à minha participação na oficina de designer sonoro coordenada por
Raul Teixeira em 1997 e a uma rápida passagem pelo primeiro Circulo de
Dramaturgia em 1998, coordenado pelo Luiz Paetow.
Creio que tudo isso mais o encontro com gente querida que eu não via há muito tempo, justifique a emoção que senti na noite de ontem (01/06/2022).
2. A APRESENTAÇÂO
Emerson Danesi, que participa do Prêt-à
Porter desde a primeira edição em 1998 e é o atual supervisor das cenas,
fez uma rápida e emocionada abertura dedicando o espetáculo de estreia ao
saudoso Antunes, que chegou a presenciar os primeiros ensaios das duas primeiras cenas incluídas no
programa. Emerson relembrou da frase de Antunes que impulsionou o projeto “O
Homem está com saudades do Homem”.
A apresentação seguiu o mesmo esquema
das edições anteriores: três cenas com cerca de 20 minutos cada, com dois
participantes e mínimos recursos cênicos de cenários, adereços, figurinos,
iluminação e trilha sonora: tudo concentrado no trabalho dos intérpretes.
O elenco composto por participantes do
último CPTzinho antes da pandemia (2019) apresentou as cenas Borra de
Café (Laércio Motta e Rafaella Candido), Missouri River (Guilherme
Moilaqua e João Monteiro) e Canção de Ninar (Osmar Pereira e Rafaella
Candido).
A atriz e os quatro atores mostram notório talento tanto para a escrita como para a atuação e emocionaram o público com suas performances. Uma entonação de voz empostada não caberia jamais nesse tipo de proposta, mas a meu ver, haveria melhor rendimento se o elenco falasse um pouco mais alto.
3. O BRINDE
O SESC ofereceu um brinde ao
final do espetáculo, onde o público, em grande parte composto por atrizes e
atores que participaram do CPT, se congraçou com o guerreiro Emerson
Danesi que, como discípulo de Antunes segue o Mestre, mas dá forma a seu modo
ao futuro do CPT e com o talentoso elenco desta primeira edição da nova
fase do Prêt-à-Porter.
Muita gente querida presente que não
vou nomear aqui, mas senti falta do Geraldo Mário (o querido Geraldinho, figura
muito importante tanto do CPT como do projeto Prêt–à–Porter), do
Eric Lenate, da Gilda Nomacce, da Silvia Lourenço, da Sabrina Greve e da Nara
Chaib Mendes (eu nunca vou perdoar o Antunes por não a ter feito representar a Emily
em Nossa Cidade!!!).
Noite memorável e longa vida ao CPT!
02/06/2022
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