O Caminho do
Cemitério
é uma curta narrativa que ocupa não mais que 8 páginas do livro Contos
de Thomas Mann (1875-1955). Na noite de ontem antes de me dirigir ao Ágora
Teatro onde seria realizada uma apresentação teatral do conto, passei na Livraria
Martins Fontes e, em menos de 15 minutos, fiz uma leitura rápida do mesmo,
me preparando para melhor usufruir do espetáculo.
Segundo notícias
veiculadas pela imprensa o “romance em cena” foi “inventado” por
Aderbal Freire Filho com suas encenações, sem adaptações, dos romances A
Mulher Carioca aos 22 Anos (1990), O Que Diz Molero (2003) e O
Púcaro Búlgaro (2006). Inventor ou não, Aderbal inovou ao usar essa
linguagem no teatro.
Celso Frateschi
encena agora o seu “conto em cena” colocando no palco a íntegra do conto de
Thomas Mann, onde um velho amargurado e alcoólatra caminha em direção ao
cemitério para visitar seus mortos em uma manhã bela e ensolarada e se sente
incomodado ao ver um belo rapaz de olhos azuis trafegar de bicicleta pelo
caminho em que ele está; discute com o jovem e aos poucos é tomado por um
acesso de fúria; acaba sucumbindo e é retirado do local em uma ambulância,
enquanto o jovem segue seu caminho alegre e feliz.
A proposta da
encenação é que o elenco faça as vezes de narradores da história e de
intérpretes dos dois personagens quando estes adquirem vozes no conto. Para
tanto é necessário que o espetáculo conte com atrizes/atores com versatilidade
para transitar da narração para a interpretação e vice-versa. Maria Cristina
Vilaça e Plínio Soares preenchem totalmente os requisitos para enfrentar tal
empreitada realizando primoroso trabalho em cena.
A encenação de Celso Frateschi é minimalista contando com poucos objetos em cena, sugestivos figurinos de Sylvia Moreira, discreto e belo desenho de luz de Miló Martins e excelente trilha sonora de Carlos Zimbher. Nota-se que toda a atenção do diretor está voltada para as nuances interpretativas dos dois excelentes intérpretes.
O CAMINHO DO
CEMITÉRIO CORRIA SEMPRE AO LADO DA ESTRADA está em cartaz no Ágora Teatro às quartas
e quintas feiras às 20h até 15 de dezembro. Duração: 45 minutos.
Completando a ótima
noite teatral visitei a seguir a OCUPAÇÂO DIAS GOMES inaugurada no Itaú
Cultural no dia do centenário de nascimento do nosso grande dramaturgo. Ótima
exposição com muitos documentos e fotos do autor e de sua obra que vai merecer
uma visita mais longa.
VIVA O TEATRO!
20/10/2022
Bom dia! Nunca consigo assistir a todos os espetáculos sugeridos e comentados por você, mas certamente as suas reclamações são garantias de excelentes reflexões. Muito obrigado. Viva o teatro!
ResponderExcluirVIVA, Caro Gilberto!!
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