A
palavra golondrina não existe em
português e sua tradução é andorinha, mas tem sonoridade tão bonita e poética em
nossa língua que agiu acertadamente a tradutora da obra (Tania Bondenzan) em
manter o título original da peça do jovem dramaturgo espanhol Guíllen Clua
(1973-) ora em cartaz na cidade.
A Golondrina é típico e eficiente
melodrama, no melhor estilo almodovariano, contando o encontro, a princípio
civilizado, de um rapaz com uma professora de canto. O embate entre esse jovem
e uma mãe que não assumia a homossexualidade do filho morto em atentado
ocorrido em uma boate gay é cheio de reviravoltas e coloca em cena os
preconceitos e tabus existentes em relação ao mundo homossexual.
Esse
tipo de texto exige direção equilibrada e atores que o interpretem na corda bamba
da emoção para não resvalarem no drama barato e aqui essas funções estão
magnificamente preenchidas. A direção de Gabriel Fontes Paiva é sóbria dando
ênfase para o que há de mais humano nas personagens e os atores correspondem
plenamente à sua proposta.
Tânia
Bondenzan tem, a meu ver, a melhor interpretação de sua carreira como a mãe que
tem seus segredos no que concerne à sua relação com o filho; sua composição é
cheia de pequenas nuances e Luciano Andrey lhe é um surpreendente contraponto
como o jovem que vem remexer feridas dessa mulher, pondo a nu também as suas. A
direção aproveita recursos canoros do ator para colocar algumas canções em sua
bela voz, canções essas fundamentais para o desenvolvimento da trama.
Pelas
emoções despertadas assiste-se a A Golondrina
com um nó na garganta, mas também com um sorriso nos lábios e isso se deve à engenhosidade
do texto, à bela tradução cênica do diretor e à excelente interpretação
da dupla de atores.
A
GOLONDRINA está em cartaz às sextas e sábados às 21h e aos domingos às 19h no
Teatro Nair Bello até 09/06.
12/05/2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário