Rebatizada
com o longo título acima, a peça Nossa
Vida em Família ganha ótima montagem
dirigida por Aderbal Freire-Filho com temporada mais que relâmpago em São Paulo
(apenas quatro apresentações no SESC 24 de Maio).
A
velhice solitária e a morte seriam os últimos combates do homem comum (e
pobre), mas outros combates estão presentes neste potente texto de Oduvaldo
Vianna Filho (1936-1974) como as relações de trabalho e o drama de consciência
do filho Jorge e as falcatruas que a filha Cora tem que fazer para poder
sobreviver. A alienação está presente no filho Beto e o individualismo em Neli,
a única da família que está “bem de vida”.
A
encenação de Aderbal Freire-Filho privilegia a epicidade do texto fazendo com
que os próprios atores realizem as trocas de cena e é muito bonito ver o
recurso de distanciamento presente quando os atores saem da personagem para
rearranjar os adereços de cena para a seguir voltar a vestir a máscara e seguir
na ação.
Um
elenco de dez atores, a maioria desconhecida nos palcos paulistanos, defende
com muito empenho as palavras criadas pelo saudoso Vianninha. O casal de velhos
é muito bem defendido por Rogério Freitas e Vera Novello e têm belíssimo
momento na antológica cena do telefonema. O filho Jorge é feito com vigor por
Gustavo Ottoni e está muito bem acompanhado pela forte presença cênica de Ana
Barroso, como sua esposa. Apesar da participação menor, outra presença marcante
em cena é Beth Lamas (lembra fisicamente a grande atriz Wanda Kosmo) como a
rica e egoísta Neli. Kadu Garcia interpreta vários papeis inclusive aquele do
palhaço que costura as cenas e critica as ações, algo que a meu modo de ver
nada acrescenta a esta excelente montagem.
A
dramaturgia consistente e militante de Vianninha contando uma boa história com diálogos
fluentes é coisa rara nos dias de hoje e é muito louvável que se remonte seus
textos para que os jovens de hoje tenham contato com os mesmos.
MEMÓRIA:
a primeira montagem de Em Família
ocorreu em 1972, dirigida por Antunes Filho, tendo Paulo Autran e Carmen Silva
como o casal de velhos.
Última
apresentação HOJE, domingo 12 de maio no SESC 24 de Maio. CORRA, AINDA DÁ
TEMPO!
12/05/2019
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