sexta-feira, 9 de agosto de 2019

AUTO DA COMPADECIDA


Foto de Tati Motta

ALEGRIA, ALEGRIA!

        Vou fazer a louvação do que deve ser louvado: louvando o que bem merece, deixando o ruim de lado”, já diziam Torquato Neto e Gilberto Gil.

        Louvar essa delícia clássica de Ariano Suassuna e a assinatura de Gabriel Villela na direção é discorrer sobre o óbvio. O texto de Suassuna tem vigor juvenil e é atualíssimo, além de extremamente popular; Villela tem mãos de Midas transformando tudo o que toca em cores vivas, além de conduzir os atores de forma vibrante.
        Agora a louvação deve se dirigir a essa surpresa para nós paulistanos que é o Grupo Maria Cutia que já tem 13 anos e é formado por jovens e talentosos mineiros com grande vivência em teatro popular e de rua.
        A encenação já coloca o público em suas mãos com a entrada pelas escadas do teatro do Bloco Maria Cutia cantando sorridente e triunfante. Depois de interpretarem com muita garra um ícone da nossa música resistente que é Eu Quero Botar o Meu Bloco na Rua do saudoso Sérgio Sampaio e dedicarem ao momento atual uma sequencia hilária de canções (“Já fui pobre, já fui jornaleiro”, seguida de “O Guarani”) que Elis imortalizou em Falso Brilhante e que eles interpretam da mesma maneira que ela, nossos corpos ainda estão sentados, mas nossa alma já está no palco e preparada para ver e ouvir as peripécias de Chicó e João Grilo, deliciosamente interpretados respectivamente por Hugo da Silva e Leonardo Rocha.
        É difícil descrever toda a beleza e a alegria de assistir a este espetáculo. O desenvolvimento da conhecida trama intercalado por canções da época da Tropicália e ilustrado com o cenário e os figurinos coloridos tão característicos de Villela mostram atores em estado de graça que interpretam as várias personagens e cantam muito bem, preparados vocalmente pela sempre competente Babaya.
        Assim como o gato de João Grilo que “descome” dinheiro, o espetáculo “deslouva” o “ruim”, sem deixá-lo de lado como na letra de Torquato Neto. De maneira divertida e direta com pequenas inserções no texto original mostra com humor como é ridícula e atemorizante a situação atual do nosso pobre Brasil com todo o “ruim” que emana do Planalto Central.
        O espectador sai energizado do espetáculo acreditando que um dia este Brasil poderá ser melhor. Resta saber o que ele fará com essa esperança.

        Sei não, só sei que foi assim”.

         AUTO DA COMPADECIDA está em cartaz no SESC Pompeia de quinta a sábado às 21h e domingos às 18h só até 1º de setembro. CURTA TEMPORADA! CORRA!!

 

        09/08/2019

Um comentário:

  1. José Cetra obrigada pela carinhosa atenção ao meu trabalho! grande abraço!

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