Foto de Tati Motta
ALEGRIA, ALEGRIA!
“Vou fazer a louvação do que deve ser louvado:
louvando o que bem merece, deixando o ruim de lado”, já diziam Torquato
Neto e Gilberto Gil.
Louvar
essa delícia clássica de Ariano Suassuna e a assinatura de Gabriel Villela na
direção é discorrer sobre o óbvio. O texto de Suassuna tem vigor juvenil e é
atualíssimo, além de extremamente popular; Villela tem mãos de Midas
transformando tudo o que toca em cores vivas, além de conduzir os atores de
forma vibrante.
Agora
a louvação deve se dirigir a essa surpresa para nós paulistanos que é o Grupo Maria Cutia que já tem 13 anos e é
formado por jovens e talentosos mineiros com grande vivência em teatro popular
e de rua.
A
encenação já coloca o público em suas mãos com a entrada pelas escadas do
teatro do Bloco Maria Cutia cantando sorridente
e triunfante. Depois de interpretarem com muita garra um ícone da nossa música resistente
que é Eu Quero Botar o Meu Bloco na Rua
do saudoso Sérgio Sampaio e dedicarem ao momento atual uma sequencia hilária de
canções (“Já fui pobre, já fui jornaleiro”,
seguida de “O Guarani”) que Elis
imortalizou em Falso Brilhante e que
eles interpretam da mesma maneira que ela, nossos corpos ainda estão sentados,
mas nossa alma já está no palco e preparada para ver e ouvir as peripécias de Chicó
e João Grilo, deliciosamente interpretados respectivamente por Hugo da Silva e
Leonardo Rocha.
É
difícil descrever toda a beleza e a alegria de assistir a este espetáculo. O
desenvolvimento da conhecida trama intercalado por canções da época da Tropicália e ilustrado com o cenário e
os figurinos coloridos tão característicos de Villela mostram atores em estado
de graça que interpretam as várias personagens e cantam muito bem, preparados vocalmente
pela sempre competente Babaya.
Assim
como o gato de João Grilo que “descome” dinheiro, o espetáculo “deslouva” o “ruim”,
sem deixá-lo de lado como na letra de Torquato Neto. De maneira divertida e
direta com pequenas inserções no texto original mostra com humor como é ridícula e atemorizante a situação atual do
nosso pobre Brasil com todo o “ruim” que emana do Planalto Central.
O
espectador sai energizado do espetáculo acreditando que um dia este Brasil
poderá ser melhor. Resta saber o que ele fará com essa esperança.
“Sei não, só sei que foi assim”.
AUTO DA COMPADECIDA está em cartaz no SESC
Pompeia de quinta a sábado às 21h e domingos às 18h só até 1º de setembro. CURTA
TEMPORADA! CORRA!!
09/08/2019
José Cetra obrigada pela carinhosa atenção ao meu trabalho! grande abraço!
ResponderExcluir