Mais uma noite
memorável para a minha coleção!
A sensação de
caminhar pela Rua dos Ingleses, depois de um longo período, a caminho do Teatro
Ruth Escobar já foi bastante estimulante. Quantas e quantas vezes eu fiz
esse percurso nos áureos tempos daquele teatro, passando pelas lojas de
antiguidades e pelas belas casas, incluindo aquela do saudoso Serginho
Mamberti.
Esse teatro é um monumento
para mim! Lá eu vi Bethânia, quase menina, em Opinião; Marília Pêra em Roda
Viva; Feira Paulista de Opinião; Fernanda Montenegro em Dona
Doida e grande parte das loucuras empreendedoras da guerreira que lhe dá o
nome incluindo a loucura maior que foi a montagem de O Balcão em 1969.
Entrar naquele hall deu um aperto no meu coração. Ser recebido por um sorridente e simpático Claudio Fontana apertou ainda mais e reencontrar amigas queridas como a Tina Cavalcanti, a Tuna Dwek e a Lilian Blanc só não fizeram o coração transbordar porque eu reservei o transbordamento para o que viria a seguir.
Testemunhar um ator
em pleno domínio do seu ofício é algo que faz as delícias de um espectador
apaixonado. Quando esse ator é dirigido por um grande diretor que enriquece
suas montagens com aqueles figurinos e cenários belíssimos que lhe são tão
característicos o gozo é ainda maior.
Chico Carvalho, um
ariano com pouco mais de 40 anos, é sem dúvida um dos melhores e mais versáteis
atores de sua geração. Carreira teatral marcada por interpretações marcantes de
personagens como Ricardo III, o memorável Ariel (o mais etéreo Ariel a que
já assisti em meu longo percurso como amante de teatro) de A Tempestade
e o Caveirinha e a grã-fina Maria Luísa em Boca de Ouro, as duas últimas
dirigidas por Gabriel Villela.
Agora ele enfrenta
com galhardia seu primeiro monólogo interpretando duas personagens: aquele que
em sua loucura se diz Henrique IV e sua mulher Dona Matilde. As outras
personagens são apenas citadas nesta feliz adaptação condensada realizada por
Claudio Fontana.
Mais que um
contrarregra, Breno Manfredini participa ativamente da ação, cantando,
interpretando um delicioso títere e interagindo com o protagonista.
Tudo é esplendor
nesta montagem de Gabriel Villela: cenário, adereços de cena (Jair Soares Jr.),
belíssimos figurinos, maquiagem (Claudinei Hidalgo), participação de Breno
Manfredini e a estonteante interpretação de Chico Carvalho, precisa na voz
poderosa e nos pequenos e nos grandes gestos (poucos atores sabem usar as mãos
como ele).
A peça está sendo
apresentada virtualmente, mas também pode ser apreciada presencialmente até
domingo, dia 14, pelos privilegiados espectadores que se dirigirem à Sala Dina
Sfat do icônico Teatro Ruth Escobar, que volta a acender seus holofotes
dignamente para iluminar essa obra de arte que é Proto Henrique IV.
Gabriel Villela promete a montagem da peça completa para 2022.
Fotos de João Caldas
14/11/2021
Temporada virtual até
05 de dezembro de sexta a domingo às 20h com ingressos gratuitos disponíveis na
plataforma Sympla.
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