O que mais chama a
atenção no espetáculo criado pela israelense Ruthie Osterman e o brasileiro
Pedro Granato é o perfeito equilíbrio entre o público e o privado de cada um
deles.
Apresentando-se em
telhados das cidades onde vivem, Ruthie (em Liverpool) e Pedro (em São Paulo)
desfilam seus problemas e apreensões perante a realidade que os circunda.
Ele dividido entre
suas atividades teatrais, seus afazeres domésticos - como cuidar da filha Rosa
recém nascida e dar atenção à sua companheira Roberta (cito os nomes para
comprovar o grau de intimidade com que o ator faz seu relato) - e as atividades
político-culturais surgidas pouco antes do nascimento da filha.
Ruthie por sua vez
relata as dificuldades com o parto de um de seus filhos e as lembranças de suas
atividades de juventude em Israel, quando pertenceu ao exército israelense.
De maneira bastante
harmoniosa os relatos vão se cruzando demonstrando que mesmo estando separados
por terras, mares e oceanos, Ruthie e Pedro compartilham dúvidas e ansiedades
bastante parecidas. No momento em que dialogam virtualmente há salutar confronto
de ideias e questionamento que cada um faz diante do modo de pensar e de agir do
outro.
É natural que, sendo
artistas das artes cênicas, haja certo tom teatral em seus desempenhos, amenizado,
porém, pela espontaneidade com que ambos interpretam a si mesmos.
Usando seus corpos
como arma para se defenderem dos reveses que a vida traz (Pedro foi alvo de
ofensas e ameaças por conta de suas atividades no poder público e Ruthie ainda
traz na memória a violência que presenciou em sua juventude durante a Guerra do
Golfo), a dupla dá lições de cidadania em seus depoimentos.
Ambos relatos são
falados em inglês. Os sérios problemas de legendagem ocorridos na primeira
apresentação (24/10), foram totalmente sanados na segunda (31/10).
Com apenas quatro apresentações (duas já acontecidas), ainda há chance de assistir a esse importante trabalho nos domingos 07 e 14 de novembro às 11h da manhã no YouTube da Contorno Produções.
05/11/2021
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