terça-feira, 25 de setembro de 2018

O JOGO DE A[R]MARELINHA





        Tudo na vida é obra do acaso? Ou nada na vida é por acaso?
       Desço para a plataforma do metrô. Escolho o vagão que vou entrar ou pego o vagão que está na minha frente. Quem está nesse vagão? Como foi que eles/elas foram parar nesse vagão? Pode ser que uma/um delas/deles seja minha metade da laranja? A gente vai se olhar? Será que ele/ela vai descer na mesma estação que eu? Em caso negativo desço na dele/dela? Ele/Ela vai para a esquerda ou para a direita? De maneira muito brilhante Julio Cortázar já falou sobre a casualidade em sua obra e, em particular, no conto Manuscrito Achado Num Bolso, que inspirou Paulo Azevedo a escrever este instigante A[R]mar em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso.
        Eu tive o privilégio de viajar no mesmo vagão e em um banco muito próximo de ELE e ELA (assim são denominados os personagens) e ser testemunha dos seus encontros e desencontros. Em um primeiro momento é o acaso que faz esses dois seres cruzarem olhares e iniciar um relacionamento que atinge um apogeu seguido de desgaste. É necessário fazer alguma coisa para reativar a chama e não dá mais para confiar no acaso...
        A direção do autor é madura e enxuta valendo-se de uma criativa disposição cênica colocando no palco alguns espectadores que farão parte da história como passageiros do metrô, de excelente trilha sonora de Érico Theobaldo e Mano Bap, de projeções em vídeo (Janaína Patrocínio) e, fundamentalmente, de dois excelentes intérpretes como Rita Pisano e Bruno Perillo, sem os quais espetáculo deste tipo naufragaria. A química entre eles é perfeita dando vida ao casal de maneira intensa na surpresa do primeiro encontro, nas descobertas sobre cada na mesa de um no bar e na provocante cena de sexo realizada de maneira delicada e bela sem necessidade de explicitar nada.
        Vários filmes e textos literários são lembrados no programa como citados na dramaturgia, mas quando se trata de casualidade não há como não se lembrar de outra obra prima do gênero, o filme Corra Lola, Corra do alemão Tom Tykwer.



        A[R]MAR é uma gratíssima surpresa da atual temporada paulistana e está em cartaz só até o dia 1º de outubro (Segunda feira) no Teatro Sérgio Cardoso: Sexta e Sábado (19h30), Domingo (20h) e Segunda (19h).
        Reestreia na sexta feira, dia 05/10 no Teatro Cacilda Becker às sextas, sábados e domingos até 21/10.
        SABOROSO DEMAIS PARA VOCÊ DEIXAR PASSAR!

        25/09/2018


4 comentários:

  1. Sempre acompanhando os seus textos, querido.

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  2. Que interessante.
    Esse tema do acaso, da coincidência, me instiga bastante.
    Não moro na capital, mas se tiver chance, vou tentar assistir a peça.
    Gostei de ter cruzado com o seu blog.
    Se puder/quiser, passe pelo meu Blog da vovó ...mas não só ( www.blogdavovohelo.blogspot.com)

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  3. ah, outro espetáculo que tb adorei. não tive coragem de sentar na plateia. sou tímida demais pra isso. mas deve ser uma experiência e tanto. comentei aqui no meu blog http://mataharie007.blogspot.com/2018/10/armar.html

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