domingo, 17 de outubro de 2021

... E O CÉO UNIU DOIS CORAÇÕES

 

Foto de João Caldas

Há muitos anos ausente de nossos palcos, em boa hora o grupo As Tias traz de volta ... E o Céo Uniu Dois Corações, escrito há 79 anos por Antenor Pimenta (1914 – 1994). Antenor foi um dos expoentes do circo-teatro, arte popular muito em voga na década de 1940, e é surpreendente como um melodrama circense repleto de clichês ainda desperte tanta emoção no público.

Cartaz da estreia da peça em 1942

A mocinha ingênua, sua avó cega que é santa até no nome, seu pai injustiçado e o galã são vítimas de um desalmado vilão que acaba por provocar a morte do casal de enamorados que só vai realizar plenamente sua felicidade no “céo”. Essa poderia ser a sinopse, sem querer ser desmancha prazer anunciando o final, pois este já é explicitado no título da peça.

O melodrama é muito bem estruturado em cinco atos no melhor estilo novelesco (muito antes do modelo das novelas atuais existir), oferecendo suspense e mistério ao final de cada ato. Na adaptação do grupo um narrador faz uma introdução no início de cada ato.

A encenação de Fernando Cardoso é bastante engenhosa alternando intérpretes e personagens em cada ato, oferecendo assim ao espectador um jogo lúdico onde ele fica intuindo quem interpretará quem no ato que vem a seguir.

Usando pouquíssimos objetos de cena e cenário composto apenas por cadeiras e telão ao fundo mostrando a lona de um circo (criação de Marcelo Andrade) o diretor cria todo um imaginário no espectador por meio das ações dos atores, mesmo aqueles que não estão na cena, mas permanecem no palco cantando, fazendo sons ou apenas observando atentamente.

Os figurinos de Victoria Moliterno são compostos de pesados macacões pretos com bolsos de onde o elenco vai tirando objetos necessários à ação.

O elenco da peça é uma delícia à parte, composto por quatro senhoras e dois senhores que fazem de tudo em cena e a cada ato interpretam um outro personagem. Maria do Carmo Soares (emocionante como Dona Santa no momento em que vê a neta no caixão), Cibele Troyano (tem a mais bela voz empostada de Dona Santa e está impositiva como o vilão Della Torre), Joseli Rodrigues (ótima em vários papeis), Salete Fracarolli (impagável como o atrapalhado Juca), Marcos Thadeus (presença cênica marcante) e Marcelo Andrade (nunca houve, nem haverá jamais, Neli mais doce do que aquela criada por Marcelo).

... E o Céo Uniu Dois Corações é hora e meia absolutamente imperdível de muita emoção e muita alegria. NÃO DEIXE DE VER!

17/10/2021 

SERVIÇO: 

... E O CÉO UNIU DOIS CORAÇÔES está em cartaz até 31 de outubro no Teatro Giostri de quinta a domingo às 20h. Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)

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