O jornalista Sérgio Martins apresenta
uma série aos domingos na Rádio Cultura FM intitulada Nos
Passos da Broadway. Já passaram por lá, entre outros, Irving Berlin, Cole
Porter, Richard Rodgers e Leonard Bernstein. No domingo, 03 de outubro de 2021,
foi a vez de Stephen Sondheim (1930-), único ainda vivo dessas verdadeiras
lendas dos musicais.
Sondheim tem em seu currículo cerca de
vinte títulos, todos eles encenados na Broadway e no West End
londrino.
Pouca gente sabe que são suas as
letras das lindas canções de Leonard Bernstein para West Side Story (1957).
Sondheim também escreveu as letras para Gipsy (1959, música de Jule
Styne) e Do I Hear a Waltz? (1965, música de Richard Rodgers).
No restante de sua obra Sondheim
assina música e letra, como na fabulosa tríade criada no início dos anos 1970: Company
(1970), Follies (1971) e A Little Night Music (1973), talvez seus
títulos mais famosos.
Canções belíssimas como Good Thing
Going, Being Alive, The Ladies Who Lunch, Losing My Mind, Pretty Women
e a obra prima absoluta Send In The Clowns fazem parte de espetáculos do
autor.
Curiosamente, mesmo com o boom
dos musicais no Brasil, as peças de Sondheim têm presença rara em nossos
palcos.
A primeira vez que ele aportou por
aqui foi em um recital dirigido por Paulo Afonso de Lima no Rio Jazz Club
em 1997 onde os quase estreantes Claudio Botelho e Claudia Netto interpretavam
canções de suas peças e de trilhas de filmes.
Por iniciativa da dupla Charles
Möeller e Claudio Botelho, Sondheim volta aos palcos do Rio de Janeiro e São
Paulo em 2000 com a deliciosa Company, montagem que teve excelente
rendimento cênico em um momento em que os musicais da Broadway ainda
engatinhavam nos nossos teatros. O ator Reiner Tenente planeja uma nova
montagem dessa peça desde 2017 cuja estreia deve ter sido adiada em função da
pandemia da covid 19.
Só o Rio de Janeiro teve a
oportunidade de assistir a outra iniciativa de Möeller e Botelho que foi Lado
a Lado Com Sondheim em 2005, musical sem enredo com um alinhavo das canções
do autor/compositor.
Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da
Rua Fleet (1979) teve
uma montagem semi amadora em 2007 realizada pela Casa de Artes Operária
que contou com a participação de Saulo Vasconcelos e, ao que se sabe, foram
pouquíssimas as apresentações no Teatro Brigadeiro. Uma montagem profissional
dirigida por Zé Henrique de Paula com Rodrigo Lombardi no papel título estava
prevista para estrear em 2020, mas foi adiada/cancelada (?) devido à pandemia
da covid 19.
Uma montagem do musical infantil Into
the Woods foi apresentada em São Paulo no extinto Teatro Brigadeiro
no ano de 2010 com direção de Armando Bravi Filho e Felipe Senna.
Cabe ainda lembrar dos musicais nos
quais Sondheim fez apenas as letras das canções e que foram apresentados em São
Paulo: West Side Story (em 2008, com direção de Jorge Takla) e Gipsy
(em 2010, com direção de Charles Möeller). Note-se que as versões das letras
desses dois espetáculos foram realizadas por Claudio Botelho.
A conclusão é que, com exceção de Into
the Wood, todas as outras montagens profissionais de musicais de Sondheim
no Brasil tiveram, de uma maneira ou de outra, as presenças de Möeller e/ou
Botelho.
A pergunta que fica é: Por que essa
aparente falta de interesse de montar mais musicais de Sondheim no Brasil?
Os temas de suas peças são muito
interessantes (A Little Night Music baseia seu roteiro no filme Sorrisos
de Uma Noite de Amor de Ingmar Bergman; Follies tem o próprio teatro
musical como tema e oferece papeis excelentes para atrizes/cantoras mais
velhas; Assassins (1990) mostra figuras que assassinaram ou tentaram
assassinar presidentes dos Estados Unidos; Passion (1994) é baseada no
filme Passione d’Amore de Ettore Scola. Além dos temas, as canções são
belíssimas e suas letras contam verdadeiras histórias.
Seria Sondheim muito sofisticado para
o gosto médio do espectador brasileiro de musicais? Difícil de ser montado? Anticomercial?
Jorge Takla, Miguel Falabella, Charles Möeller e Claudio Botelho devem ter
opiniões sobre o assunto.
Stephen Sondheim, hoje com 91 anos, continua ativo e anuncia a produção de um novo musical intitulado Square One. Será que um dia essa peça chegará aos palcos brasileiros?
04/10/2021
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