West Side Story (1961) é um dos filmes da minha vida. Perdi o número de vezes a que o assisti no cinema e em casa, desde aquela primeira vez quando eu tinha 17 anos e ouvia embevecido as músicas no LP emprestado pelo amigo Marcel Bouquet.
É daqueles preferidos para me emocionar
até as lágrimas na véspera de Natal. Assisti também montagens teatrais em
Londres (não a original de 1957!) e em São Paulo, mas para mim o filme de
Robert Wise tem um toque de magia especial.
Eis que sessenta anos depois Steven
Spielberg recria esse estupendo musical e foi com certa desconfiança que fui
assisti-lo no dia de sua estreia (09/12) em São Paulo na primeira sessão das
14h do Reserva Cultural.
Procurei abstrair todo o referencial
do primeiro, mas não houve como não fazer comparações.
Um grande achado da versão de
Spielberg foi criar a personagem de Valentina (viúva de Doc) vivida
intensamente por Rita Moreno, a inesquecível Anita de 1961; não me
surpreenderia se ela voltasse a receber um Oscar por sua emocionante atuação agora
em novo papel (em 1961 ela ganhou como melhor atriz coadjuvante). Seria justo e
lindo.
Outros pontos a favor da atual versão
é a ambientação em uma Nova York em demolição para dar lugar ao Lincoln
Center e a ênfase no preconceito racial e à diferença de classe (Maria
trabalha no setor de limpeza da loja de modas)
Rachel Zegler é bonitinha, tem o physique
du rôle para o papel, mas Natalie Wood vai permanecer para mim como a mais
emocionante Maria que vi tanto no teatro como no cinema. Ansel Elgort (Tony) é
só um pouquinho menos sem graça que Richard Beymer. David Alvarez (Bernardo),
Ariana De Bose (Anita não ficam nada a dever a seus antecessores George
Chakiris e Rita Moreno, enquanto Mike Faist (Riff) não tem a agilidade
coreográfica e o carisma de Russ Tamblyn.
Algumas locações mudaram: a
sensacional cena America no topo do prédio passou para a rua e Cool
passou de uma garagem para ruínas de prédios em demolição. Questão de gosto,
mas eu prefiro os originais, assim como a pungente cena final que perde em
emoção na versão atual, apesar da presença linda de Valentina no cortejo
fúnebre.
Curiosamente as legendas das versões
das letras das músicas tomam certas liberdades poéticas que às vezes até mudam
o sentido da cena. (Sondheim não ia gostar). Para o título do filme isso já é
verdade há 60 anos: Amor, Sublime Amor!!!
Curiosidades: A Filarmõnica de Nova
York é regida por Gustavo Dudamel (mais um toque latino do filme) / Quem canta Somewhere
é Valentina / A coreografia é assinada por Justin Peck, citando que a original
é de Jerome Robbins/ Roteiro de Tony Kushner, dramaturgo autor de Angels in
America//Rita Moreno aparece como uma das produtoras executivas do filme.
A versão de Spielberg não decepciona,
mas aquela de Robert Wise/Jerome Robbins é INSUPERÁVEL!
09/12/2021
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