Num momento em que
nosso bote está cercado de tubarões prontos a nos devorar é muito importante assistir
a Sede, texto de Eugene O’Neill (1888-1953), encenado pela Cia. Triptal,
dirigido por André Garolli.
O texto mostra três
náufragos em um bote à deriva no imenso oceano. O cavalheiro e a bailarina
brancos tagarelam o tempo todo culpando o mundo e buscando um bode expiatório pela
situação em que se encontram, enquanto o marinheiro negro entoa continuamente sua
canção/oração à espera de uma salvação, que no fundo ele sabe que não virá. A
peça de O’Neill mostra situação limite de sobrevivência de maneira dura e cruel
denunciando também os preconceitos de classe e racial.
A Cia. Triptal
já havia realizado em 2020 uma versão virtual mais modesta da peça e agora
apresenta esta nova montagem, cercada de cuidadosa produção, pois além do
importante conteúdo, o espetáculo é esteticamente valorizado pelo cenário de
Julio Dojscar, pelos figurinos de Telumi Hellen, pelo visagismo de Beto França
e pelo caprichado desenho de luz do diretor Garolli.
Tudo isso seria menos potente caso não se contasse com as interpretações vigorosas de Camila dos Anjos (a bailarina), Fabrício Pietro (o cavalheiro) e a presença luminosa e surpreendente de Diego Garcias (o marinheiro), que traz um pouco de espiritualidade a cenário tão inóspito. E a montagem ainda é enriquecida com a preciosa narração de Denise Weinberg.
SEDE estreou em 23/04
e fica em cartaz DIARIAMENTE até a próxima sexta feira, dia 30/04, sempre às
21h30.
Acesso gratuito:
Canal YouTube do Centro Cultural São Paulo.
24/04/2021
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