ROBERTO VIGNATI ESTÁ DE VOLTA... E O PALCO PAULISTANO
AGRADECE.
Diretor,
autor, iluminador e eventualmente, até ator e cantor Roberto Vignati começou a
sua carreira dirigindo espetáculos infantis na década de 1960.
Realizou
trabalhos importantes na década de 1970, entre eles o memorável A Noite dos Assassinos (1979) que
revelou Rosi Campos, Maria do Carmo Soares e Calixto de Inhamuns.
Acumulou
sucessos de crítica e de público na década de 1980 iniciando com o mega Bent (1981), seguido de Bella Ciao (1982), Um Casal Aberto, Ma Non Troppo e Brincando Em Cima Daquilo (ambos de 1985 e de autoria de Dario Fo e
Franca Rame, sendo que o último teve interpretação antológica de Marília Pêra).
Ainda em 1985 monta As Is, outra peça
sobre a aids. Ópera de Sabão (1987),
montada em antigo cinema pornô da Rua Aurora completa a lista dos espetáculos mais
significativos dessa década.
Entre
os anos de 1978 e 1989 Vignati trabalha na TV Globo assinando vários trabalhos
de sucesso.
Na
década de 1990 encena, entre outros, Uma
Rosa Para Hitler (1993), Risco de
Vida (1993) e Aidsnós (1999) (que
completa a trilogia sobre a aids), todas de sua autoria.
Entre
os anos 2005 e 2016 dedica-se a um grupo na cidade de Cordeirópolis sendo o
responsável por transformar uma antiga subestação da Fepasa em belo e moderno
teatro.
Carreira
tão brilhante não cabe nestas poucas linhas e o maior objetivo desta matéria é
anunciar o auspicioso retorno de Vignati aos teatros da cidade com autor que
lhe é caro: Dario Fo.
O
espetáculo Obsceno interpretado por
Clovis Gonçalves (que vimos há pouco em Race)
estreia nesta quinta feira, dia 19 e é composto de duas peças curtas O Asno e A Borboleta Xoxotuda. Das habituais competência e perfeccionismo de
Vignati só se pode esperar trabalho de alto nível. Fecho esta pequena matéria
com as palavras do diretor:
“Dos 174 espetáculos que já dirigi no Teatro ao
longo de 55 anos de carreira,’ Obsceno’, com textos de Dario Fo
entremeados por poemas eróticos, é sem dúvida, o mais despojado e simples que
já dirigi quanto à produção, mas o mais ousado quanto à criação e imaginação.
Partindo de que o ator é o centro de tudo no palco, eu e
Clóvis Gonçalves, que já tive a chance e prazer de dirigir outras vezes no
teatro e na televisão, nos dispusemos a fazer um trabalho sem artifícios, sem
cenário, sem sonoplastia, buscando todos os sentimentos humanos, criando tudo a
partir das possibilidades do ator.
Motivado pela falta de apoio à cultura e crise vergonhosa que
estamos vivenciando neste país, resolvi assumir a criatividade e potencial do
ator como a maior arma no palco, criando um espetáculo cinematográfico cheio de
imagens que devem levar a plateia a ver realmente os diversos fotogramas de um
filme que conduz estas histórias vividas pelos seus protagonistas.
Creio que o resultado será surpreendente, inovador,
estimulante não apenas para o ator, num monólogo que não parece monólogo
buscando o que sempre quis Dario Fo com seu teatro, levar o público ao
raciocínio e ao questionamento,sem deixar de se divertir jamais.
Assim fica bem claro que mesmo que nos tirem tudo, com apenas
um ator e um bom texto, o teatro sobreviverá, nos fazendo rir e emocionar
sempre. Podem nos roubar tudo, mas jamais vão fazer calar o artista e seu poder
de criação e mergulho no universo da fantasia e da beleza”
OBSCENO estreia quinta
feira, dia 19/10 no VIGA Espaço Cênico. Sessões às quintas e sextas às 21h.
Temporada até 17/11.
16/10/2017