segunda-feira, 16 de outubro de 2017

OBSCENO

ROBERTO VIGNATI ESTÁ DE VOLTA... E O PALCO PAULISTANO AGRADECE.


        Diretor, autor, iluminador e eventualmente, até ator e cantor Roberto Vignati começou a sua carreira dirigindo espetáculos infantis na década de 1960.
        Realizou trabalhos importantes na década de 1970, entre eles o memorável A Noite dos Assassinos (1979) que revelou Rosi Campos, Maria do Carmo Soares e Calixto de Inhamuns.
        Acumulou sucessos de crítica e de público na década de 1980 iniciando com o mega Bent (1981), seguido de Bella Ciao (1982), Um Casal Aberto, Ma Non Troppo e Brincando Em Cima Daquilo (ambos de 1985 e de autoria de Dario Fo e Franca Rame, sendo que o último teve interpretação antológica de Marília Pêra). Ainda em 1985 monta As Is, outra peça sobre a aids. Ópera de Sabão (1987), montada em antigo cinema pornô da Rua Aurora completa a lista dos espetáculos mais significativos dessa década.
        Entre os anos de 1978 e 1989 Vignati trabalha na TV Globo assinando vários trabalhos de sucesso.
        Na década de 1990 encena, entre outros, Uma Rosa Para Hitler (1993), Risco de Vida (1993) e Aidsnós (1999) (que completa a trilogia sobre a aids), todas de sua autoria.
        Entre os anos 2005 e 2016 dedica-se a um grupo na cidade de Cordeirópolis sendo o responsável por transformar uma antiga subestação da Fepasa em belo e moderno teatro.
        Carreira tão brilhante não cabe nestas poucas linhas e o maior objetivo desta matéria é anunciar o auspicioso retorno de Vignati aos teatros da cidade com autor que lhe é caro: Dario Fo.


        O espetáculo Obsceno interpretado por Clovis Gonçalves (que vimos há pouco em Race) estreia nesta quinta feira, dia 19 e é composto de duas peças curtas O Asno e A Borboleta Xoxotuda. Das habituais competência e perfeccionismo de Vignati só se pode esperar trabalho de alto nível. Fecho esta pequena matéria com as palavras do diretor:

        “Dos 174 espetáculos que já dirigi no Teatro ao longo de 55 anos de carreira,’ Obsceno’, com textos de Dario Fo entremeados por poemas eróticos, é sem dúvida, o mais despojado e simples que já dirigi quanto à produção, mas o mais ousado quanto à criação e imaginação.
        Partindo de que o ator é o centro de tudo no palco, eu e Clóvis Gonçalves, que já tive a chance e prazer de dirigir outras vezes no teatro e na televisão, nos dispusemos a fazer um trabalho sem artifícios, sem cenário, sem sonoplastia, buscando todos os sentimentos humanos, criando tudo a partir das possibilidades do ator.
        Motivado pela falta de apoio à cultura e crise vergonhosa que estamos vivenciando neste país, resolvi assumir a criatividade e potencial do ator como a maior arma no palco, criando um espetáculo cinematográfico cheio de imagens que devem levar a plateia a ver realmente os diversos fotogramas de um filme que conduz estas histórias vividas pelos seus protagonistas.
        Creio que o resultado será surpreendente, inovador, estimulante não apenas para o ator, num monólogo que não parece monólogo buscando o que sempre quis Dario Fo com seu teatro, levar o público ao raciocínio e ao questionamento,sem deixar de se divertir jamais.
        Assim fica bem claro que mesmo que nos tirem tudo, com apenas um ator e um bom texto, o teatro sobreviverá, nos fazendo rir e emocionar sempre. Podem nos roubar tudo, mas jamais vão fazer calar o artista e seu poder de criação e mergulho no universo da fantasia e da beleza”

        OBSCENO estreia quinta feira, dia 19/10 no VIGA Espaço Cênico. Sessões às quintas e sextas às 21h. Temporada até 17/11.


16/10/2017