sábado, 31 de agosto de 2024

QUE FIM LEVOU CARLOTINHA?

 

O projeto Que Fim Levou Carlotinha? foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo; com circulação por doze cidades do interior de São Paulo, o projeto é composto por uma oficina sobre teatro de máscaras ministrado por Cida Almeida, apresentação da peça homônima por Arnaldo D’Ávila e palestra sobre teatro realizada por José Cetra Filho.


O time completo para realizar o trabalho é formado por sete pessoas: Arnaldo d’Ávila (ator, autor e produtor), Cida Almeida (diretora, palestrante), José Cetra Filho (autor, palestrante), Marcelo Andrade (cenógrafo, técnico de luz e som), Francine Laranjeira (intérprete libras), Nara Oliveira (intérprete libras) e Waldi Moreira Martins (motorista). Passaram também pelo grupo, participando de alguns encontros, Blue, Clau, Fabiano, Will e Luís Pedro.

A circulação começou na cidade de Iguape no dia 19 de julho e seguiu para Peruíbe, Espírito Santo do Pinhal, Araras, Piracicaba, Mogi das Cruzes, Pindamonhangaba, Santana de Parnaíba. Mococa, Salto, Indaiatuba, terminando em Tatuí em 30 de agosto sempre nos fins de semana. Foram doze cidades que nos receberam de braços abertos oferecendo as condições técnicas possíveis e muitas condições humanas para que realizássemos da melhor maneira o nosso trabalho.

Cida Almeida realizou com muita categoria sua oficina dando um histórico, conceituando a máscara neutra e dando exercícios onde os participantes tiveram a possibilidade de colocar a máscara e atuar com ela.

No intervalo entre a oficina e a apresentação da peça Arnaldo e o cenógrafo Marcelo montavam o cenário e ajustavam luz e som em árduo trabalho que se repetia ao final do evento para desmontar o cenário. Certa vez fui testemunha do desespero do cenógrafo quando a gaiola da calopsita caiu ao chão se desfazendo em dezenas de partes que ele teve de remontar pacientemente até o início da apresentação.

A peça é um texto escrito por José Cetra Filho e Arnaldo D’Ávila que dá chance ao ator (D’Ávila) de exercitar sua versatilidade interpretando uma velhota simpática, um senhor enigmático e até um gato revoltado. A proposta da peça é o público sair do teatro com uma pergunta: “Mas afinal que fim levou Carlotinha?”. Sucesso de público, a peça foi bastante aplaudida em todas as apresentações.


As palestras foram, a meu ver, também bem sucedidas. Devido à minha mobilidade reduzida realizei as primeiras sentado na cadeira de rodas, mas as seis últimas fiz em pé. Tive uma adesão muito boa dos presentes reagindo ativamente às minhas observações com sorrisos, olhares brilhantes e dando sinais que estavam acompanhando. Tive a confirmação disso com as breves conversas afetuosas ao final das palestras. Uma que me emocionou bastante foi a visita de Hipólita, Lisandro, Puck e Elfo, quatro simpáticos jovens que vieram me abraçar e perguntar quantas vezes eu havia assistido a encenações de Sonhos de Uma Noite de Verão, peça de Shakespeare que eles já haviam montado e interpretado essas personagens. Sinto-me realizado e com a missão cumprida, caso tenha conseguido transmitir minha paixão pelo teatro para quem assistiu às minhas palestras.

O sucesso do projeto coube a cada de nós e, principalmente, a Arnaldo D’Ávila que, como produtor, não, poupou esforços para oferecer ao grupo todas as condições de trabalho e ao público tudo o que foi prometido.


 

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

MEMÓRIAS DO VINHO - PER BACCO

 

        Uma história simples e corriqueira: um pai e um filho se encontram após 20 anos de separação e após início cordial começam a trocar farpas sobre fatos do passado e a balancear o que é paixão e o que é trocar essa paixão por dinheiro.

        A paixão do pai é pelos vinhos e ele armazena o seu tesouro em uma imensa adega (qualquer semelhança com meu acervo de programas é mera coincidência, além disso o homem tem 80 anos e usa uma bengala!). O filho volta da Australia com a intenção de comercializar parte dos vinhos raros e caríssimos da adega do pai. O conflito está armado e por meio de diálogos ágeis e ações bem estruturadas a bela e criativa dramaturgia da saudosa Jandira Martini (a quem a encenação é dedicada) e Maurício Guilherme é apresentada ao público.

        Elias Andreato faz uma tradução cênica limpa focando a sua atenção no trabalho dos atores que são realmente as maiores atrações da peça. Vale-se do criativo cenário de Rebeca Oliveira que reproduz uma adega com todas as garrafas expostas em posição horizontal e uma trilha sonora com trechos do belíssimo álbum Dark Side of the Moon, do Pink Floyd. Essas músicas não têm muito a ver com o tema da peça, mas funcionam muito bem para criar o ambiente da encenação.

        Caio Blat representa com muita desenvoltura o filho irrequieto que volta depois de um longo exílio na Australia para saber como estão as finanças do pai na tentativa de realizar seu sonho de fazer cinema. A venda de títulos raros da coleção do pai poderia ser uma das soluções. O ator reage com muita naturalidade às falas do pai e coleciona mais um sucesso em sua carreira.

        Herson Capri é o debilitado e desiludido pai. Colecionou fracassos e perdas na vida e tem um segredo desabonador que só será revelado perto do final da peça. As nuances da personagem são muito bem exploradas pelo ator, que forma uma excelente dupla com Blat.

        A encenação de Elias Andreato tem a elegância e o toque de um bom vinho; essa sensação somada à química entre os atores e ao emocionante brinde ao final  da peça resultam em uma dose de imenso prazer para o espectador que sai do teatro com a alma alimentada.

        Você não precisa ser apreciador de vinho para gostar do espetáculo, mas se o for saberá curti-lo melhor.


        MEMÓRIAS DO VINHO está em cartaz no Teatro Vivo às sextas e aos sábados às 20h e aos domingos às 18h até 15vdec setembro.

        Pode curtir e saborear SEM moderação.

        05/08/2024