Apesar de sua vasta
produção teatral, o escritor irlandês George Bernard Shaw (1856-1950) é mais
conhecido por aqui por My Fair Lady, espetáculo musical que é uma
adaptação de sua peça Pigmalião.
Graças ao Grupo
Tapa, ao Núcleo Experimental e ao Circulo dos Atores,
nos últimos anos os palcos paulistanos têm podido assistir a obras importantes
de Shaw como Major Barbara, Cândida, A Profissão da
Sra. Warren e A Milionária. E já se promete O Dilema de Um Médico
para 2023.
Shaw tinha humor
penetrante e sarcástico como se pode perceber em sua obra e no famoso diálogo
entre ele e Isadora Duncan quando esta lhe propôs em tom de brincadeira a
possibilidade de eles gerarem um filho com a beleza dela e a inteligência dele,
ao que ele retrucou dizendo do perigo da criança nascer com a beleza dele e a
inteligência dela.
4004 A.C. situa-se exatamente
há mais de seis milênios! E lá no Jardim do Eden vamos encontrar Adão e Eva
pesarosos com a possibilidade de viver para todo o sempre, quando encontram uma
solução dada pela Serpente; um pouco mais tarde Adão e Eva mais velhos têm um
embate com o filho Caim, que matou o irmão Abel.
A primeira parte é
originalíssima e tem um toque de humor que a engrandece; a segunda parte é mais
longa e mais dramática, sendo também um pouco repetitiva (desculpe, seu
Bernard!!), mas tem discurso poderoso a favor da mulher e de seus direitos.
A encenação de Thiago
Ledier, que já havia realizado uma competentíssima encenação de A Milionária,
é primorosa e criativa valendo-se do espaço remodelado (e renovado!!) do Teatro
Studio Heleny Guariba, do criativo cenário criado por Fernando
Passetti e Nicolas Caratori, lindamente iluminado por este último.
Adão e Eva, quando
jovens, são interpretados por Luana Frez e Nando Medeiros e mais velhos por
Márcia de Oliveira (bastante jovem, quando comparada com o seu companheiro) e
Luti Angelelli. Guilherme Gorski é vigoroso como Caim e Nábia Villela está
absolutamente irresistível e muito engraçada como a Serpente.
4004 A.C. é espetáculo
bastante digno, bem encenado, bem interpretado e dá ao espectador a
oportunidade de conhecer esse insólito texto do grande dramaturgo George
Bernard Shaw, além da oportunidade de visitar o espaço remodelado do Teatro
Studio Heleny Guariba.
Após o espetáculo, há
proveitoso bate-papo com o elenco, com a oportunidade de receber uma aulinha
sobre Shaw dada por Sergio Mastropasqua.
Por especial delicadeza de Mastropasqua e Selene Marinho recebi uma versão impressa do belo e informativo programa da peça.
4004
A.C. está em cartaz até 13/12 às segundas, terças, sextas e sábados às 21h e
aos domingos às 19h.
NÃO PERCA!!
23/11/2022